Karen Faye se refere detalhadamente ao acidente de Michael em Munich. (Earth Song).

Michael dedicou toda a sua vida a compartilhar o que havia em seu coração a todo custo. Era um expert em ocultar sua própria dor, para poder servir aos demais. Esta é uma história que escrevi, que ilustra como muitos dos que trabalham em “This is it”, o pessoal da tripulação e muitos, nunca viram sua dor. Michael estava ameaçado, mas também tinha um profundo sentimento de responsabilidade para com sua família e seguidores, para que pudesse dar momentos de alegria a um mundo que está experimentando tanta dor, problemas financeiros, a guerra e a destruição do meio ambiente. Tão logo Michael saiu do seu camarim, era um “showtime”.

]Michael foi a cabeça e o chefe do cartaz dos concertos da Cruz Vermelha Internacional, do Fundo Nelson Mandela para a Infância, e da UNESCO. Michael Jackson e Amigos. A lista dos artistas e sua comitiva voaram desde Seul, Corea, onde se celebrou o primeiro concerto, à Munique em um avião fretado. Foi um vôo maravilhoso, porque pudemos passar algum tempo e conhecer todo o mundo. Havia artistas de todo o mundo. Chegamos ao Estádio Olímpico de Munique na tarde de 27 de junho de 1999, para nos preparar, para a noite da aparição de Michael. Michael apresentou Andrea Bocelli no final da tarde. O sol já se punha. A escuridão mudou o sentimento de todo o estádio. Foi uma noite de verão. A multidão havia desfrutado das apresentações de outros artistas durante o dia: Luther Vandross, os irmãos Kelly, Ringo Starr... mas parecia, que o público estava esperando Michael. A emoção estava crescendo. Por arte de magia, o cenário estava sendo transformado com paredes emergentes de luzes, telas e equipes, que tinham sido criados para o show de Michael, e que se ocultavam detrás das outras apresentações.

Michael Jackson, Michael Bush e eu estavamos usando os últimos minutos, para cuidar de alguns detalhes no vestuário, no “dressing room”, a direita do cenário. Uma comprida lista de verificações: microfones, cabos, trocas de vestuário, toalhas, lista de canções, gelo, gatorade, ventiladores, pinturas de graxas, poeiras. Michael fez alguns alongamentos, para aquecer.

Eu podia sentir a energia da multidão dirigida até nós. Qualquer indício de aparição de Michael, criava o caos na multidão emocionada. Ele apareceu para o público desde detrás das cortinas. A banda chegou até a escada de serviço. Michael saiu ao seu encontro, para a tradicional oração unindo suas mãos. O show começou com toda a loucura e emoção, que todos eles o fizeram. Tivemos fazendo isto durante muitos anos. Depois, me preparei para a próxima troca, olhava desde a direita do cenário. Tudo ia perfeitamente...o medley...Beat it...Black or White com Slash...Billie Jean. Os artistas locais, para a canção “Earth Song”, começaram a subir ao cenário. A canção começa...Michael vai até a ponte e gira e dança com os pés, giros com a ponte fora de sua base. A fumaça, explosões, bombardeiam nossos olhos e ouvidos...A ponte segue mais e mais alto, mas a diferencia dos ensaios, e do último show...não se deteve em seu máximo apogeu...Em seu lugar, desliza até abaixo, ganhando velocidade com Michael bem agarrado à grade...sem deixar de cantar. Eu comecei a gritar, mas eu nem sequer podia ouvir minha própria voz, por causa do ruído da pirotecnia, da música e do público. Comecei a correr detrás do cenário com horror, quando a ponte desapareceu rapidamente por debaixo da parte dianteira do cenário, atingindo o solo de concreto. Um segurança me agarrou e me deteve, pensando que ia arruinar o espetáculo. Nos bastidores, estava chorando e gritando, só a tripulação e os artistas intérpretes ou executantes sabiam que havia algo terrivelmente mal. Desde nosso ponto de vista que haviamos perdido Michael de vista, já que a ponte havia caído por debaixo da parte dianteira do cenário. Meu coração parou de bater, simultaneamente, nos fortes braços de um guarda, que estava perplexo. Apesar de que o espetáculo continuou por todo o mundo, o tempo deteve para mim, já que não podia imaginar que Michael podia ter sobrevivido a uma caída. Mas pouco a pouco, e depois do que pareceu uma eternidade, como a música e os aplausos continuaram, vi uma mão alcançando o solo do cenário...logo uma perna, outro braço, a outra perna...estava encima, o centro do cenário...acabado. Ao final da canção “Earth Song”! Minha boca aberta de assombro e aliviada. Olhando aturdido, vindo a nosso lado do cenário. “Michael, sentá-te...” “Não!” Exigiu.

“A segurança...por favor, levem-no ao hospital!” Eu estava pedindo.
“Não!” Ele agarrou o microfone e saiu correndo, para terminar interpretando “You are not alone”. Eu não podia crer no que estava presenciando. Terminou a canção, fez o arco final, e regressou uma vez mais a seu armário e então...ficou em colapso.

A segurança o levou à um hospital de Munique. Membros da banda, bailarinos, Slash e todos os membros da tripulação estavam comovidos e surpreendidos, com o que haviam testemunhado. Concluído o show, com orações em nossos corações. Uma vez de volta no hotel...comecei a fazer chamadas telefônicas, para saber como ele estava. Informaram-me que não havia nada quebrado, mas ele foi ferido gravemente, e suas costas estavam maus. Havia sido um milagre. Sendo o artista que era, sabia como aterrizar. No dia seguinte fomos à Paris, para uma seção fotográfica. Esta havia sido adiada até que se sentisse melhor.

Perguntei-lhe...”Porque continuaste? Não podia crer que poderias fazer isso”
“Tu sabes Turkle, a única coisa que ouvia em minha cabeça, era a voz do meu pai que dizia, Michael, não deves decepcionar ao público."