O Último Close-Up de Michael Jackson [Parte 1]

O Último Close-Up de Michael Jackson [Parte 1]

A equipe de paparazzi que tirou a agora famosa última fotografia de Michael Jackson tinha se fixado sobre o Rei do Pop, tanto com suas câmeras como sem elas - há anos, acampando do lado de fora de sua porta, e em comunhão com seus fãs mais fervorosos. Em entrevistas exclusivas, eles contam o lance-a-lance da foto vista que rodou o mundo todo.

Por Michael Joseph Gross, em 02 de julho de 2009

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.



Fotógrafo Ben Evenstad com Michael Jackson ao longo dos anos

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Christopher Weiss quer ser um médico, mas ele não é, à primeira vista, um candidato de sonho para a escola de medicina. Ele foi para a faculdade júnior e teve notas medíocres - e então ele passou a maior parte da próxima década tentando compensar sua juventude irresponsável. Recebendo seu diploma de bacharel na USC, fazendo laboratório de pesquisa sobre câncer de mama, trabalhando como um E.M.T., e conseguindo sua licença de paramédico aos 29 anos, ele lentamente construiu um currículo que poderia impressionar os conselhos de admissões. Mas ele sempre se preocupou de que ele não estivesse poupando o suficiente de sua renda, que a faculdade de medicina exigiria que ele assumisse uma dívida de um peso esmagador. Então, em 2007, seu amigo de infância Ben Evenstad, também com 29 anos, ofereceu a Weiss uma chance de fazer muito dinheiro. Quando Evenstad co-fundou a agência fotográfica National Photo Group, ele contratou Weiss e ensinou-lhe como ser um paparazzi.

Embora Weiss diga que não está muito interessado em celebridades, ele chegou a apreciar o trabalho, especialmente quando ele teve que fotografar Michael Jackson. "Desde a primeira vez que o vi em pessoa, em uma [livraria] Barnes & Noble, quando ele estava usando band-aids no rosto, eu fiquei hipnotizado", diz Weiss. Seu chefe, Evenstad, compartilha o seu fascínio: "Como um paparazzi, você passa a maior parte de seu tempo perseguindo símbolos sexuais, mas MJ era diferente, quase como um personagem tipo Howard Hughes", diz ele. "Com as máscaras e os guarda-chuvas e o mistério, eu achei que Michael era mais interessante do que qualquer outra celebridade, e ele tem o grupo de fãs mais interessantes que qualquer outra celebridade, fãs estes, em sua maioria do sexo feminino, que o seguiriam em todo o mundo. Se ele fosse para a Irlanda, França, Bahrain, Neverland, eles estariam lá. As mesmas pessoas. Ninguém mais tinha o que ele tinha. Eu me propus a documentar o porquê."

Evenstad começou como um paparazzi em 1999 (ele também era um colecionador de autógrafos profissionais na época), e ele trabalhou para uma agência de fotografia que questionava a quantidade de tempo que ele gastava perseguindo Jackson, durante um período em que as fotos do cantor não estavam dominando os preços mais altos. "Para mim, era um tipo de coisa de fã. Como fã, eu queria ter sua foto. Não foi até 2003, quando seus problemas legais pioraram, que as fotos dele começaram a valer muito novamente", diz Evenstad.

Embora isso possa parecer auto-justificativa, é a sério. Conhecendo Evenstad há oito anos, eu escrevi sobre ele para The New York Times Magazine, em 2001, e desde o dia em que nos conhecemos, ele nomeou Jackson como sua presa favorita.

Os fãs mais devotos de Jackson reconheceram um companheiro entusiasta em Evenstad, e eles desenvolveram uma relação mutuamente benéfica, trocando dicas uns com os outros sobre as indas e vindas do cantor. A National Photo Group, desde o início, "queria ser a agência de Michael Jackson", diz Evenstad. "Há sempre dinheiro a ser feito com Michael, de modo que começamos a fotografá-lo todos os dias." No outono passado, quando Jackson se mudou para o Hotel Bel-Air, em Los Angeles, Christopher Weiss e um outro fotógrafo foram designados para ser, como Weiss coloca, "soldados montando guarda." Ele também fez amizade com o núcleo de fãs do cantor: na maioria jovens e atraentes mulheres européias.


Jackson e uma de suas inúmeras jovens fãs do sexo feminino, em outubro de 2008. Apesar de sua predileção por usar máscaras, ele não tinha medo do contato físico com seus admiradores.

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Weiss, cuja voz tem a inteligência clara e generosa de um escoteiro, lembra, "As meninas se amontoavam em frente ao portão do hotel que estava mais próximo do bangalô de Jackson, sentadas muito silenciosamente, para que a segurança não as encontrasse. E às vezes Michael sairia e diria, Olá. Uma vez ele entregou cinco cartas escritas à mão em que dizia coisas como 'Eu posso sentir a sua energia através das paredes. Vocês me inspiram muito. Eu amo todos vocês. Obrigado por me apoiar. Obrigado por ser meu amigo. Obrigado por me amar. Com todo o amor em meu coração, Michael Jackson.'"

"Eu sempre ficava impressionado por isso, por quão profundamente ele parecia se importar com essas meninas. Quando ele abraçava uma delas, ele colocava uma mão em seu pescoço, atrás da cabeça, nesse movimento extra-reconfortante como você faria com uma pessoa que você conhece. A escrita nas cartas tinha um estilo que era pessoal, florido, profundo, ornamentado. Não era, 'Valeu, pessoal. Tenha uma boa noite. Espero que vocês gostem da música'."

Isso, também, pode soar como um exagero sentimental, mas não é. Eu passei uma semana com as mulheres de quem Weiss e Evenstad estão falando, enquanto pesquisava para Starstruck, um livro que escrevi sobre as relações entre celebridades e fãs. Nenhuma estrela foi mais generosa com os fãs (todos os membros do núcleo de fãs de Jackson que eu conheci tinham, em algum momento, sido convidados para jantar ou assistir filmes e se divertir em sua casa), e nenhum outro grupo de fãs tratava um ao outro com mais generosidade do que estas mulheres.

"Para saber quem ficaria as cartas que Michael escreveu para o grupo", diz Weiss, "as meninas iriam fazer um sorteio. Elas escreveriam seus nomes em pedaços de papel e os lançariam na bolsa da minha câmera, e eu pegaria e chamaria os nomes. A menina que recebesse a carta iria levá-la e fazer cópias e entregá-las a todos os outros."


Dois bilhetes que Jackson teria escrito para os fãs no hotel de Los Angeles no qual ele estava hospedado em novembro do ano passado. "Eu realmente amo todos vocês [.] Eu estou gravando esta noite, para todos vocês, vocês são a minha verdadeira inspiração para sempre. Eu estou vivendo para vocês, e as crianças ", escreveu ele em um. E "Vocês me fazem tão feliz. ... O céu é o limite. Uma consciência mais elevada sempre. ... Eu amo vocês. Michael Jackson."

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Em dezembro passado, a Nacional tornou-se a primeira agência de fotografia a saber o endereço da mansão que Jackson estava alugando em North Carolwood Drive, na Holmby Hills de Los Angeles. Evenstad, que também era amigável com os membros do equipe de Jackson, conseguiu manter o local em segredo por um par de semanas. Durante todo o inverno e na primavera, mesmo quando não havia ninguém por perto, havia quase sempre, pelo menos um fotógrafo da National vigiando os portões ao lado dos fãs obstinados.

Em 25 de junho, a Nacional enviou um fotógrafo chamado Alfred Ibanez para a casa. Logo após o meio-dia, Ibanez ligou para Evenstad, em pânico: "Há uma ambulância aqui. Pegue sua câmera de vídeo e chegue até aqui agora."

No caminho para a cena, Evenstad chamou Weiss e o resto de seus fotógrafos em seus telefones celulares, mandando-os seguir para a casa de Jackson imediatamente. Weiss, que estava vigiando a garagem de Brad Pitt e Angelina Jolie (o casal havia passado a noite anterior no Hollywood Roosevelt Hotel, Pitt tinha acabado de voltar para casa em seu Prius preto, e Weiss estava esperando na esperança de conseguir uma foto de Jolie), correu 7,9 milhas até Jackson. Ele chegou a encontrar os fotógrafos da National (os únicos paparazzis lá) conversando com dois fãs e três colecionadores de autógrafos que estavam na frente da casa durante toda a manhã. Weiss viu uma ambulância dentro dos portões e um carro de bombeiros estacionado na rua. Ibanez deu um zoom pela janela do carro de bombeiro com sua teleobjetiva e tirou uma foto da tela de chamda, que forneceu alguns detalhes sobre a situação no interior. Neste ponto, a experiência de Weiss como um E.M.T. veio a calhar. Ele leu na imagem digital: "50 anos de idade, do sexo masculino ... sem respirar ..."

"Isso me disse que aquilo era provavelmente sério", diz Weiss, "e não apenas um ataque de ansiedade, como ele teve no passado." Ainda assim, acrescenta,"você nunca sabe exatamente o que 'sem respirar' significa nesse ponto. Isso são pessoas leigas sendo citadas em um contexto clínico. "Quanto mais o tempo passava, menos grave Weiss acreditava que deveria ser o problema de Jackson. "Nós estávamos lá por 20 minutos", diz ele, "e se você tem uma parada total", quando um paciente realmente parou de respirar "os paramédicos normalmente o levam dentro de 8 a 10 minutos."

De ter recolhido no passado, Evenstad sabia tudo pode acontecer. Quando a ambulância começou a recuar na calçada em direção ao portão, ele berrou ordens para seus homens: "Esta pode ser a maior foto de todas, então vão até as janelas do veículo e fotografem. Eu não me importo se você não pode ver. Apenas fotografe." Quando ele viu Weiss de pé diante da janela, ele temeu que Weiss não teria nada mais do que uma foto do reflexo de próprio flash da sua câmera. Weiss diz: "Ben me disse: 'Coloque sua lente contra a janela, e fotografe, fotografe, fotografe, fotografe, fotografe'."


Continua...


Fonte: Vanity Fair