Legado de Jackson deve prosperar após o julgamento

Legado de Jackson deve prosperar após o julgamento

Por Linda Deutsch, em 01 de dezembro de 2011

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.


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LOS ANGELES (AP) - O mundo particular de Michael Jackson, ferozmente protegido pela estrela em vida, foi exposto no julgamento do Dr. Conrad Murray. Mas ao invés de sofrer danos pelas revelações do uso de drogas, dizem os especialistas que o legado de Jackson e seu poder aquisitivo póstumo vão sobreviver a qualquer dano causado e podem realmente crescer depois que ele foi retratado como uma vítima de um médico com fome de dinheiro.

Jackson morreu antes que pudesse lançar uma série de shows altamente esperados em Londres, quando tentava recuperar o status imponente que ele gozava quando ele lançou o álbum "Thriller" em 1983.

Mas sua morte insuflou nova vida nas vendas de discos e impulsionou outros projetos que geram centenas de milhões de dólares para seu espólio, ainda que sua vida pessoal já manchada tenha sido de novo atingida por revelações sobre seu uso de medicamentos.

Jackson elevou o topo da lista da Revista Forbes das celebridades mortas mais bem pagas e os administradores do seu espólio caminham de forma acelerada em mais projetos concebidos para melhorar a imagem do intérprete e expandir a herança de seus três filhos.

O espetáculo do Cirque du Soleil, "Michael Jackson: The Immortal World Tour" abre em Las Vegas neste fim de semana, um precursor de uma instalação permanente no Mandalay Bay Hotel, e os fãs são esperados em massa lá para uma "Fan Fest" e exposição de memorabilia de Jackson.

Após o julgamento, o juiz deixou claro que o esforço da defesa para lançar Jackson como o vilão no caso tinha sido um fracasso miserável. Murray foi condenado por homicídio culposo, chamado de oportunista irresponsável e condenado ao máximo de quatro anos de prisão.

O juiz Michael Pastor também criticou Murray pela experimentação sobre a estrela pop com o anestésico cirúrgico propofol para ajudá-lo na batalha contra a insônia debilitante, apesar da droga não ter sido feita para ser usada em uma residência privada.

Alguns especialistas dizem que nas revelações feitas o Rei do Pop aparece mais como uma pessoa normal lidando com um desafio difícil.

"Na análise final, não foi feito muito dano," disse o biógrafo de Jackson, Randy Taraborelli. "Eu acho que o julgamento humanizou Michael Jackson. Apresentou-o como um ser humano com problemas."

Enquanto as evidências se desenrolavam, "Isso definitivamente fez nossos corações pender para Michael Jackson. Ele era uma pessoa que sofreu muito e não recebeu a ajuda necessária", disse o autor.

Taraborelli disse que a família do artista, os fãs e os executores do espólio estavam preocupados antes do julgamento que os depoimentos poderiam pintar Jackson como responsável pela sua própria morte enquanto ressuscitavam acusações passadas de abuso sexual infantil e comportamentos bizarros do Rei do Pop.

Mas o juiz limitou os testemunhos e evidências aos meses finais de Jackson e, especificamente, excluiu qualquer menção ao julgamento por abuso sexual de 2005.

Thomas Mesereau Jr., o advogado que ganhou a absolvição de Jackson nesse caso, acredita que o julgamento de Murray fez danos à reputação de Jackson, mas disse que o impacto provavelmente será a curto prazo.

"Certamente não ajuda ter todos esses testemunhos sobre o uso de drogas", disse Mesereau. "Mas com o passar do tempo, as pessoas vão se concentrar mais em sua música e os aspectos negativos vão desaparecer."

Enquanto Murray acabou por ser mostrado sendo negligente, o retrato de seu paciente que surgiu durante o julgamento foi de um dos um superstar envelhecendo desesperado para consolidar seu lugar na história do entretenimento, proporcionando uma vida familiar estável para os adorados filhos, Paris, Prince e Blanket.

A imagem de Jackson como um pai atencioso nunca tinha sido tão vividamente ilustrada. Um oficial de justiça que entrevistou a mãe de Jackson, Katherine, disse que ela lhe disse sobre ele: "Michael Jackson era o mundo de seus filhos, e o mundo deles desmoronou quando ele partiu."

Um dos maiores especialistas sobre licenciamento e marcas das celebridades mortas acredita que o julgamento gerou tanta simpatia para Jackson que, a longo prazo isso vai eclipsar as consequências negativas de seu passado.

"Eu não penso que nenhuma revelação de mau gosto que pode ter saído do julgamento terá qualquer impacto sobre o seu legado duradouro", disse Martin Cribbs, que está sediada em Nova York. "Nós enquanto uma sociedade tendemos a dar a todos uma segunda chance. O legado de Michael será como Elvis e os Beatles. Será sua música, sua genialidade. E suas obras de caridade"

Cribbs tem representado os espólios de astros falecidos, tais como Mahatma Gandhi, Albert Einstein, Steve McQueen e Mae West.

Ele não está envolvido no espólio de Jackson, mas elogiou os esforços dos seus executores. Começando pela rápida liberação do filme concerto, "This Is It", ele disse: "Eles têm feito um trabalho brilhante de nos lembrar do gênio de Michael."

Taraborelli também citou o filme baseado nos ensaios para os malfadados shows de Michael Jackson como um movimento espetacular preparando o terreno para um retorno póstumo do império de entretenimento de Jackson.

"Isso fez você querer abraçá-lo", disse o autor de "Michael Jackson: A Magia e a Loucura"

As excentricidades de Jackson e comportamento bizarro, muitas vezes ganharam as manchetes. Quer ele estivesse viajando com um chimpanzé chamado Bubbles, dormindo em uma câmara hiperbárica ou balançando seu bebê Blanket de um balcão, ele conseguiu afastar muitas pessoas. O julgamento por abuso sexual o empurrou para mais longe do mainstream.

"Isso tudo acabou no dia em que foi anunciada a notícia que Michael estava morto", disse Lance Grøde, um executivo de música e ex-advogado de Jackson que agora ensina questões jurídicas sobre música na University of Southern da California.

"O público decidiu que eles preferem lembrar de Michael como este grande superstar e prodígio da música e perdoar e esquecer todas as coisas negativas que tinham ouvido ao longo dos últimos 10 ou 15 anos", disse Grøde. "Nada do que surgiu no julgamento foi quase tão ruim quanto as coisas que tinha ouvido falar no passado."

Grøde disse que as provas de aceitação do público são perceptíveis na capacidade do espólio de Jackson de gerar meio bilhão de dólares, na esteira de sua morte.

O show do Cirque, que estreou no Canadá, está programado para 150 datas na América do Norte até julho e que deverá viajar até 2014 internacionalmente. O show permanente em Las Vegas deve ser em 2013.

No ano que ele morreu, Jackson vendeu 8,3 milhões de álbuns nos EUA - quase o dobro do segundo colocado Taylor Swift - e "This Is It" tornou-se o filme-concerto de maior bilheteria e documental de todos os tempos.

Joe Vogel, autor de um novo livro sobre a música de Jackson, e outros disseram que a parte mais chocante do julgamento de Murray foi a reprodução de uma gravação de um Jackson drogado enrolando suas palavras enquanto sonha em voz alta sobre seu show futuro e seus planos para construir um fantástico hospital infantil de tecnologia de ponta.

Vogel disse que a gravação, encontrada no telefone celular de Murray, revela o lado escuro do mundo de Jackson.

"Michael teve uma vida difícil. Ele disse uma vez que você tem que ter uma tragédia para puxar da criação de algo bonito e inspirador. E é isso que ele fez. Sua música tem o poder de permanência", disse Vogel.

Rica Hanley, especialista em cultura pop que ensina jornalismo na Connecticut's Quinnipiac University, afirma que Jackson tinha "complexidades em cima de complexidades."

"Pode haver danos colaterais a sua reputação a partir do julgamento. Seu santuário foi penetrado pela primeira vez", disse ele.

No entanto, "sua música é eterna. Traz alegria universal para as pessoas e vai continuar, tanto quanto o trabalho de Elvis continua a atrair novos fãs, embora ele tenha ido há gerações", disse Hanley.