Michael Jackson em "Man in the Music": Tabloid Junkie

Esta é 4ª parte de uma série que analisa o artista Michael Jackson através de seus álbuns e suas canções. O trecho seguinte é retirado do capítulo 5 do livro "Man in the Music: An Album by Album Guide to Michael Jackson".


Michael Jackson em ''Man in the Music": Tabloid Junkie

Por Joe Vogel, em 02 de julho de 2009

Pesquisado por Pat_Marcel. Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.
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Se Dangerous é o álbum mais criativo de Michael Jackson, HIStory é o mais pessoal. Da fúria apaixonada de "Scream" para a sinceridade dolorosa de "Childhood", HIStory é, nas palavras de Jackson, "um livro musical." Engloba tudo o que ele sentiu e realizou ao longo dos difíceis últimos anos: era seu diário, sua tela, sua refutação. Rolling Stone o descreveu como um "emocionante ... um pacote de partir muitas vezes o coração." Em retrospecto, é também um dos álbuns mais subestimados de Jackson ...

... Após a vulnerabilidade suplicante de "Childhood" está a provocativa "Tabloid Junkie": a acusação de pleno direito da crescente tendência da mídia para o sensacionalismo e a desinformação. Os críticos têm tipicamente feito análises de canções como exemplos do complexo de perseguição e narcisismo de Jackson, mas tal idéia perde um fato mais importante: ao contrário do conteúdo de música mais pop que residem em sentimentalismo superficial e clichês reciclados, Jackson, nesta faixa bastante ambiciosa está cantando a verdade do poder uma questão com relevância muito além de sua vida pessoal.

A canção começa com a voz autorizada de um apresentador descuidadamente repetindo tablóides como fatos. É uma espécie de pós-moderno momento Orwelliano, onde a grande mídia se torna o "ministério da verdade", o controlador e manipulador da realidade social do seu público. A "verdade" simplesmente não importa. O que importa é o entretenimento, as avaliações do ibope, e um vício tipo em em drogas - ao espetáculo sem fim. "Fatos" são tudo o que for impresso ou transmitido na TV a um público passivo, não-crítico. Na música, quando o locutor fala, teclados começam a escrever freneticamente, ilustrando a rapidez com que histórias (se verdadeiras ou falsas, importantes ou não) são consumidas, copiadas e distribuídas.

Neste caso, muitas das histórias envolvem o "estranho e esquisito" Michael Jackson, que, tanto para os jornalistas quanto para o público, já não é um ser humano, mas um objeto de consumo. Jackson permite que a reportagem ofegante se desenvolva, até que se traduz em um planejado frenesi com sons de animais selvagens que representam os chamados jornalistas.

"Especular para quebrar o que você odeia", Jackson canta em um rap de abertura valente, "Circule a mentira que você confiscar/ Matando e mutilando/ Como a perseguição da mídia em histeria." Muitas pessoas não percebem que Jackson, nesta faixa e outras, especificamente utiliza o veículo do hip-hop para transmitir uma mensagem política. Neste caso, os versos são transmitidos em curtas rimas cortantes, antes a melodia vem do coro, repetindo o mantra: "Só porque você leu em uma revista/ Viu na tela da TV/ Não faça disso fato, verdade." Jackson, em essência, está fornecendo uma contra-programação para a "notícia"; entre os versos o locutor continua a recitar histórias que Jackson defende que seu público não acredite. "É calúnia", proclama mais tarde na música. "Você diz que isso não é uma espada/ Mas com a sua caneta você tortura homens/ Você crucifica o Senhor." Estas são algumas letras poderosas de um artista que um crítico alegou ter "uma consciência lamentavelmente estreita da vida."

Composta por Jackson, juntamente com os organizadores de R & B Jimmy Jam e Terry Lewis, "Tabloid Junkie" é um habilmente construída, sonoramente em camadas, quatro e meio polêmicos minutos que exigem verdade e responsabilidade. A Rolling Stone descreveu a faixa como uma "construção funk-rock mamute" com "exuberantes harmonias vocais" e "advertências gravadas sobre as falhas da mídia sobre a verdade." De fato, numa época em que a "grande mídia" e a cobertura dos tablóides são confundidos mais do que nunca, quando a obsessão pela celebridade consistentemente triunfa sobre notícias muito mais importantes, e os espectadores sem discernimento são freqüentemente distraídos ou enganados sobre a verdade, a canção de Michael Jackson continua a ser uma réplica muito relevante e de advertência.