Michael Jackson em "Man in the Music": Morphine

Esta é 2ª parte de uma série que analisa o artista Michael Jackson através de seus álbuns e suas canções. O trecho seguinte é retirado do capítulo 5 do livro "Man in the Music: An Album by Album Guide to Michael Jackson".


Michael Jackson em ''Man in the Music": Morphine

Por Joe Vogel, em 27 de junho de 2009

Pesquisado por Pat_Marcel. Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.


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Muitas vezes as pessoas lutam contra permitir aos artistas crescer e evoluir. Com Bob Dylan, foi considerado por muitos um sacrilégio pegar uma guitarra elétrica; com os Beatles, a mudança de canções de amor sentimental para os balanços sociais e a psicodelia os levou a perder, na mente de algumas pessoas, o seu encanto inicial e o apelo sobre as massas. Para Michael Jackson, a sabedoria convencional significava que cada álbum pós-Thriller que não soasse ou vendesse como Thriller era considerado um fracasso, isso a despeito do fato de que alguns de seus trabalhos mais importantes e desafiadores terem surgido mais tarde. Chama-se isso de maldição do congelamento de expectativas.

Ainda assim, para aqueles que deram a Blood on the Dancefloor: HIStory in the Mix uma escuta séria, foi um recorde impressionante, de fato. Contendo apenas cinco músicas inéditas, o álbum é considerado um avanço artístico por alguns. "Seu canto nas primeiras cinco faixas do novo material nunca foi tão atormentado, ou audacioso", escreveu Armond White do Village Voice. "Blood on the Dancefloor tem a vitalidade de uma inteligência que se recusa a ser aplacada... [Ele] é um lançamento desafiante, um desafio ao conceito do inócuo Black pop." Em uma crítica de 1997, Neil Strauss do The New York Times concordou: "Não é dor real e pathos nestas novas músicas ... a dor de Michael Jackson é freqüentemente a alegria do mundo, e isso é provavelmente verdade em suas novas canções, que se preocupam com analgésicos , promiscuidade sexual e imagem pública. Em muitas delas, Jackson parece o homem elefante gritando que ele é um ser humano ... De acordo com o humor sombrio de Jackson, a música tornou-se mais irritada e indignada. Com batidas caindo como folhas de metal e sintetizadores assobiando como gás pressurizado, este é o funk industrial ... Criativamente, Jackson entrou em um novo reino."

No seco, assombrador "Morphine", Jackson aborda um assunto que nunca tinha antes: a dependência de drogas. Em uma incessante batida funk, industrial, o cantor ataca em explosões viscerais de raiva, agressividade e dor. "É a verdade do jogo do papai", ele grita em um ponto. "Para ganhar o bebê fama/É tudo o mesmo bebê/Você é tão confiável." A raiva e decepção, combinadas com o seu som golpeando o ouvido (o crítico musical Tom Sinclair descreveu isso como "alternando o estilo tempestuoso de Trent Reznor com a pompa da orquestral Bacharachian"), para fazer uma experiência chocante de ouvir, especialmente para aqueles acostumados com o arejadíssimo pop melódico de Off the Wall e Thriller (embora deva ser notado que canções como Wanna Be Startin 'Somethin" e Billie Jean já estavam começando a descobrir a complexidade paranóica e a dor representada nestas faixas mais tarde). Mas, "Morphine" é melhor visualizado como uma experiência - tanto musical e liricamente - na representação da experiência de dor física/psicológica, bem como sua libertação temporária através de analgésicos e narcóticos como a morfina e o demerol (ambos nos quais Jackson foi supostamente viciado, entrando e saindo, desde o início dos anos noventa).

Esta experiência também é brilhantemente transmitida em forma de canção: no meio do caminho dentro da música, o ritmo da batida diminui, simbolicamente representando o efeito pacificador da droga. "Relaxe, isso não vai prejudicá-lo", Jackson canta suavemente a partir da perspectiva da droga.


Antes de eu colocá-lo nisso
Feche os olhos e conte até dez
Não chore
Eu não vou converter você
Não há necessidade de desânimo
Feche os olhos e afaste-se

Demerol
Demerol
Oh Deus, ele está tomando demerol
Demerol
Demerol
Oh Deus, ele está tomando demerol

Ele tem tentado
Difícil convencê-la
Para ser mais o que ele tinha
Hoje ele quer duas vezes pior
Não chore
Eu não vou me ressentir de você
Ontem você teve a sua confiança
Hoje ele está tomando o dobro

Demerol
Demerol
Oh Deus, ele está tomando demerol
Demerol
Demerol
Oh Deus. ele está tomando demerol

Estes versos são, talvez, alguns dos mais comoventes (e trágicos) que Jackson já cantou. Além da literalidade da droga em si está o anseio persistente de Jackson para escapar da dor, solidão, confusão e pressão implacável. Neste breve interlúdio, ele transmite lindamente a libertação suave, sedutora, mas temporária da realidade. Há um sentido de súplica, de desespero, antes de terminar alta e abruptamente, e o ouvinte é jogado de volta ao mundo cruel de acusações e angústia. Sputnik Music descreveu essa seqüência musical como um "momento de genialidade absoluta." A canção, escrita e composta inteiramente por Jackson, é uma de suas criações mais experimentais e brilhantes. É uma confissão, uma intervenção pessoal, um testemunho, e um aviso.