Dr. Treacy faz discurso comovente na Gardner St Elementary School

Cinqüenta e três anos atrás, um rapaz negro nasceu em uma pequena cidade em Indiana. Esta foi uma época diferente, um momento em que o Movimento de Direitos Civis Afro-Americano tentou ganhar a liberdade da opressão pelos americanos brancos.

Foi também uma época em que a próxima geração do pós-guerra norte-americana foi crescendo, os filhos de soldados prisioneiros da tirania de campos como Auswitch e Buchenwald foram libertados, um momento em toda a Europa se encheu de profunda e permanente gratidão ao povo americano.

Como Elie Wiesel, um sobrevivente do Holocausto judeu, disse em um discurso para uma importante reunião de dignitários da Casa Branca em 1999: "Gratidão é o que define a humanidade do ser humano".

E a gratidão é o que agora devemos ter hoje para aquele jovem garoto negro norte-americano. Seu nome era Michael Jackson, alguém que tenho o privilégio de chamar de “meu amigo”, alguém que muitas vezes ficou sozinho para cuidar de crianças no mundo, dos pobres, de doentes e da injustiça.

Michael estava muito perturbado com o sofrimento que viu no mundo e ainda mais por toda a indiferença. Suas primeiras palavras para mim quando nos encontramos foram: "Muito obrigado por ajudar o povo da África".

Sua única preocupação era com as vidas de outras pessoas que viviam em um continente diferente do que aquele em que qualquer um de nós nascemos, não foi para manter as aparência ou por graça, foi por caridade.

Eu estive na África e vi em primeira mão a devastação causada pelo HIV e quando nós discutimos sobre isso havia lágrimas em seus olhos e ele disse que tínhamos que fazer algo juntos para o povo da África.

Ele planejava realizar um grande concerto em Ruanda e queríamos voar para lá juntos em seu avião particular e, em seguida, para ver seu grande amigo, Nelson Mandela. Infelizmente, esses eventos não aconteceram e o mundo perdeu um de seus grandes humanitários.

Nesse discurso, Elie Wiesel também tinha algumas palavras a dizer sobre a indiferença. Ele disse: “Ser indiferente ao sofrimento do mundo é o que faz o ser humano desumano".

As pessoas não fazem ideia de como indiferença reduz o outro a uma abstração. A indiferença sempre beneficia o agressor, nunca a sua vítima, cuja dor é ampliada quando ele ou ela se sente esquecido.

Michael Jackson sentiu dor, não apenas para as crianças com fome, mas para si mesmo quando o povo da América permaneceu indiferente à injustiça que foi cometida sobre ele tornando-o um prisioneiro virtual em sua própria terra, fazendo-a fugir para o Oriente Médio e eventualmente encontrar solidão na Irlanda.

Que ironia, alguém que se importava tanto com o resto da humanidade foi rejeitado pelo seu próprio povo. Era uma dor que ele sentiu profundamente e que de vez em quando ele discutia comigo, mas a maioria das vezes ele não queria falar sobre isso e eu nunca quis faze-lo falar dessas memórias dolorosa...ser como ele, exilado do outro lado do mundo.

Michael Jackson nunca foi indiferente. Ele trouxe luz onde havia escuridão, esperança onde havia desespero, ele nunca se afastou de crueldade quando ele podia dar a compaixão.

Nós apenas começamos um novo século, um novo milênio. Os primeiros dez anos têm sido alguns dos mais brutais do planeta. O século começou com ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono. Houve guerras em mais de vinte países que lançam uma sombra escura sobre a humanidade: tanta violência, tanta dor...

Se há uma coisa a fazer hoje para preservar a memória de Michael Jackson é não ser indiferente ao sofrimento que vemos no mundo.

Há momentos em que me sinto que Deus abandonou este mundo, o terrível terramoto no Haiti, a funerária na Zâmbia onde pessoas trabalhavam até tarde da noite batendo pregos na madeira para construir caixões.

Eu vivi em Bagdá, eu tenho sido um prisioneiro de Saddam Hussein, eu carrego as feridas da guerra do norte da Irlanda e eu digo a você aqui, hoje, que há um Deus que olha para baixo sobre tudo isso e ele enviou Michael Jackson para ajudar a resolver esses problemas...

Mais de 70 anos atrás, um navio com uma carga humana de mil judeus foi levado para a Alemanha nazista. O navio, que já estava nas costas dos Estados Unidos, foi enviado de volta para o destino do ditador.

Isso aconteceu nos Estados Unidos, um país com a maior democracia, o mais generoso de todos os novos países da história moderna. Isto está acontecendo novamente hoje, com o bombardeio de terroristas de crianças inocentes em terras estrangeiras. Não deixe que isso aconteça, Michael se manifestava para acabar com a injustiça, para combater a doença e para tentar salvar o planeta em que vivemos.

Qual será o legado de Michael Jackson? Como ele vai ser lembrado pelas gerações que ainda não nasceram?

Vamos ser gratos a Deus por ter nos enviado um anjo para viver entre nós por um tempo e não sejamos indiferentes aos males que vemos ao nosso redor. Se quiser fazer alguma coisa para deixar Michael feliz não se afaste das vítimas da opressão e agressão, e em caso de dúvida sobre como agir...pense...“No que Michael desejou que fizéssemos”