Howard Bloom: "Todos devemos a Michael Jackson" [Parte 1]

Howard Bloom iniciou sua lendária carreira em relações públicas na música em 1976, tendo trabalhado com Michael Jackson, Prince, Bob Marley, Queen, Billy Joel, Simon & Garfunkel, Bette Midler, AC/DC, Talking Heads, e cerca de cem outras estrelas dos anos 1970 e 1980. Atualmente, ele é um cientista social reconhecido e autor de vários livros.

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.

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Na noite de 25 de junho, eu estava retornando ao meu sobrado da minha caminhada da noite até Prospect Park, quando passei por um casal de 18 anos sentado em um degrau nesta hora solitária, quando as ruas e as calçadas geralmente estão totalmente desprovidas de seres humanos. O cara tinha longos cabelos negros encaracolados e a menina tinha um cabelo curto, loiro e estava usando shorts. O homem me disse algo quando eu passei. Voltei, tirei meus fones de ouvido, e lhe pedi para repetir. Ele disse: "Michael Jackson está morto".

Perguntei a ele porque ele disse isso para mim. Eu perguntei se ele me conhecia do Salão de Chá da União Street, onde eu faço meus escritos, ou da rua e se ele conhecia a minha ligação com Michael Jackson. Não, ele não conhecia. Ele estava dizendo isso para todo mundo. Ele não queria que ninguém ignorasse isso.

Ele foi particularmente enfático sobre estar se certificando de que ninguém de mais de 30 anos passasse por ele sem saber disso. A morte de Michael Jackson, segundo ele, era uma perda para todos nós, independentemente se nós percebemos isso ou não.

Como eu me envolvi com Michael e seus irmãos?
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Era primavera de 1983 e os Jacksons estavam se reunindo para ir para a estrada com a sua Victory Tour. Eles tinham toda a família reunida para esta turnê, incluindo o seu pai, que tinha inicialmente gerenciado a ascensão do Jackson Five até o topo. Seu empresário para a Victory Tour me ligou várias vezes durante quatro meses, pedindo-me para trabalhar com os Jacksons. Eu continuei dizendo que não. Nesse ponto, eu tinha ajudado a Anistia Internacional se estabelecer na América do Norte, já havia trabalhado com Simon e Garfunkel, quando eles se reuniram para um público de meio milhão em um show gratuito no Central Park, e em seguida, quando eles saíram em turnê, e eu tinha feito a turnê maciça do Queen de 110.000 lugares nos estádios de futebol na América do Sul.

Mas eu gostava de fazer cruzadas - lutar por verdades que outros não viram. A turnê dos Jacksons não era sentida por mim como um desafio. Ela já tinha feito isso. Michael tinha simplesmente 36 milhões de cópias vendidas de um único álbum, Thriller. Isso é quase três vezes mais do que o recordista anterior, Peter Frampton. Eu não senti que os Jacksons precisavam de mim. Então eu continuei a recusar. Mas eu senti que se você vai dizer não a alguém, pelo menos você deve ter a coragem de dizer isso na cara. Assim, quando os Jacksons chegaram em Nova York e me pediram para encontrar com eles no Hotel Helmsley Palace, eu tinha que fazê-lo. Mesmo que o encontro fosse à meia-noite numa noite de sábado, e eu trabalhasse das 9 horas até cair durante o fim de semana.

No minuto em que entrei na suíte que os Jacksons haviam destinado para reuniões, duas coisas eram óbvias. Um ... a partir da linguagem corporal destes irmãos você poderia dizer que os Jacksons eram algumas das pessoas mais honestas, éticas, que você jamais iria encontrar. Dois: eles tinham uma dificuldade muito grande. Eles não sabiam o que era. Eu não sabia o que era. Mas o que eu sabia era o seguinte: aqui estava um desafio. Havia um erro a ser corrigido. Um erro invisível. Um mal que todos nós podíamos sentir, mas nenhum de nós sabia o nome. Eu tive que dizer sim.

Meu primeiro encontro com Michael só aconteceu quatro meses depois. Eu estava com os irmãos de Michael na piscina da casa de Marlon em Encino, uma pequena construção de dois andares com uma sala por andar. Até então eu tinha feito minha lição de casa. Eu li milhares de artigos sobre Michael. Eu tinha compilado um dossiê sobre a vida dos Jacksons. Uma coisa que todos os artigos concordavam era o seguinte: Michael não era um ser humano normal. Os artigos o chamavam de bubble baby [bebê bolha], e o descreviam como uma pessoa que iria se encolher ao seu toque.

Mas o fato é que nem Michael nem eu tínhamos sido criados em uma infância convencional; nenhum de nós tinha sido criado entre outras crianças. Então, eu não conhecia os rituais comuns da vida normal. Eu tive que ensinar a mim mesmo vendo outras pessoas como se fossem espécimes e eu era um visitante de Marte. Um dos rituais que eu vi foi o aperto de mão entre estranhos. Você sabe, você vê alguém que você nunca viu antes, mas que os outros querem que você conheça. Você caminha até ele ou ela, você estende sua mão, e você diz: "Olá, meu nome é ______." Este era um ritual que eu quase nunca usava. Mas quando Michael abriu a porta de tela da casa da piscina, eu fui até ele e estendi a mão e disse: "Oi, eu sou Howard."

Eu sabia o que iria acontecer. Os artigos tinham explicado. Michael iria recuar diante de meu toque. Mas não foi isso que ocorreu. Michael estendeu a mão, apertou a minha, e respondeu: "Oi, eu sou Michael." Era tão normal e tão natural quanto poderia ser. As histórias da mídia eram falsas. Mas milhares de pessoas da imprensa tinham repetido elas como verdades. Algo estranho estava acontecendo na noosfera de Michael - na esfera da percepção de imprensa que era oferecido como realidade. Futuramente, esses erros iriam matá-lo. Mas isso é uma história para outro momento.