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"A ligação de Michael Jackson que eu nunca esquecerei": por Paul Theroux

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Mensagem por Femme Ter 03 Ago 2010, 18:29


Paul Theroux é um premiado escritor, autor de sucessos como A Costa do Mosquito. Em 1999, ele estava escrevendo sobre Liz Taylor e foi até Neverland entrevistá-la. A pedido dela, Michael Jackson telefonou para ele, numa madrugada. Aqui, Paul Theroux recorda uma conversa franca que tocou em fama, infância e traição bíblica.

Traduzido por Femme.


"A Ligação de Michael Jackson Que Eu Nunca Esquecerei"

Por Paul Theroux

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Eu ouvi as notícias hoje, oh puxa, de que Michael Jackson teve um ataque cardíaco - e morreu, na idade de 50 anos, em Los Angeles.

Lembro-me de uma longa conversa que tive com ele às quatro horas de uma manhã, e da minha visita à Neverland. A visita veio primeiro; a conversa, poucas semanas depois, ao telefone. "Ele vai falar com você, se eu lhe pedir", Elizabeth Taylor tinha me dito. E a um sinal previamente combinado, Michael me ligou às quatro da manhã. Não houve nenhuma intervenção de secretárias do tipo "Mr Jackson na linha". Durante a semana, as manchetes de tablóides vendidos em supermercados eram "Jacko on suicide watch" e "Jacko in loony bin", e um, ainda, com a África do Sul na capa, "Wacko Jacko King of Pop Parasails com 13-year-old". A verdade é que ele estava em Nova York, cidade onde estava gravando um novo álbum. Isso foi há 10 anos.

Meu telefone tocou e eu ouvi: "Aqui é Michael Jackson". A voz era um sopro, um experimento pueril, tremulamente ansiosa e prestativa, não a voz de um homem de 40 anos de idade. Em contraste com o som melodioso, sua substância era mais densa, como uma criança cega que lhe dá instruções explícitas na escuridão.


"Como você descreveria Elizabeth (Taylor)?" Eu perguntei.

"Ela é um cobertor de pelúcia em que eu amo me aconchegar e até me cobrir. Eu posso confiar e confiar nela. No meu negócio, você não pode confiar em ninguém."


"Por que isso?"

"Porque você não sabe quem é seu amigo. Porque você é tão popular, e há tantas pessoas ao seu redor. Você está isolado, também. Tornar-se bem sucedido significa que você se torna um prisioneiro. Você não pode sair e fazer coisas normais. As pessoas estão sempre olhando o que você está fazendo."


"Você já teve essa experiência?"

"Oh, muitas vezes. Eles tentam ver o que você está lendo, e todas as coisas que você está comprando. Querem saber de tudo. Há sempre paparazzi por perto. Eles invadem minha privacidade. Eles torcem a realidade. Eles são meu pesadelo. Elizabeth é alguém que me ama - realmente me ama".


"Eu sugeri a Elizabeth que ela era Wendy e você era Peter (Pan)".

"Mas Elizabeth também é como uma mãe - e mais que isso. Ela é uma amiga. Ela é Madre Teresa, Princesa Diana, a Rainha da Inglaterra e Wendy. Fazemos grandes piqueniques. É tão maravilhoso estar com ela. Eu realmente posso relaxar com ela, porque nós vivemos a mesma vida e experimentamos a mesma coisa."


"E qual é?"

"A grande tragédia das estrelas infantis. Gostamos das mesmas coisas. Circos. Parques de diversões. Animais."

E lá estava fama compartilhada e isolamento.

"Isso faz as pessoas fazerem coisas estranhas. Muitos dos nossos artistas famosos se tornam bêbados por causa disso - eles não podem lidar com isso. E a sua adrenalina está no auge do Universo depois de um show - você não pode dormir. São, talvez, duas horas da manhã e você está acordado. Após a chegada do palco, você está flutuando ".


"Como você lida com isso?"

"Eu assisto desenhos animados. Eu amo desenhos animados. Eu jogo vídeo-game. Às vezes, eu leio."


"Quer dizer que você gosta de ler livros?"

"Sim, sim! Gosto de ler contos e tudo mais."


"Algum (escritor) em particular?"

"Somerset Maugham", disse ele rapidamente e, em seguida, parando em cada nome: "Whitman. Hemingway. Twain."


"E sobre os jogos de vídeo - game?"

"Eu adoro X-Man. Pinball. Jurassic Park. Os de artes marciais - Mortal Kombat".


"Joguei alguns dos jogos de vídeo-game em Neverland", disse eu. "Havia um incrível chamado Beast Buster".

"Oh, sim, este é ótimo. Eu escolho cada jogo. Este é, talvez, um pouco violento demais, no entanto. Costumo levar alguns comigo em turnês".


"Como você consegue isso? As máquinas de jogos de vídeo são muito grandes, não são?"

"Oh, nós viajamos com dois aviões de carga."


"Tem alguma música que você escreveu com Elizabeth em mente?"

"Childhood"


"Esta é a que tem o trecho que diz "Alguém viu minha infância?"

"Sim". E continua ... ", e ele recitou "Antes de me julgar, tente ... " e em seguida cantou o resto.


"Não é a que eu ouvi tocando em seu carrossel em Neverland?"

Encantado, ele disse, "Sim! Sim!"


Ele passou sua infância, assim como Elizabeth, como uma estrela infantil cujo trabalho sustentava sua família.

"Eu era uma criança que sustentava a minha família. Meu pai recebia o dinheiro. Parte do dinheiro estava reservada para mim, mas uma grande parte do dinheiro foi gasto com a família inteira. Eu estava trabalhando o tempo todo."


"Então, você não teve uma infância - você a perdeu. Se você tivesse que fazer tudo novamente, que coisas você mudaria?"

"Apesar de eu ter perdido muito, eu não mudaria nada".


"Eu posso ouvir os seus filhos pequenos ao fundo." O gorgolejar tornou-se insistente, como um "plug-hole" em uma enchente. "Se eles quiserem ser artistas e levar a vida que você leva, o que você diria?"

"Eles podem fazer o que desejarem fazer. Se eles quiserem fazer isso, está tudo bem."


"Como você vai criá-los de forma diferente da que você foi criado?"

"Com mais divertimento. Mais amor. Não tão solitários".


"Elizabeth diz que acha que é doloroso olhar para trás em sua vida. Você acha que é difícil fazer isso?"

"Não, não quando é referente a um panorama, uma síntese de sua vida, ao invés de um momento específico."


Esta forma oblíqua e um tanto sofisticada de expressão foi uma surpresa para mim - outra surpresa de Michael Jackson. Ele me fez refletir com "embriaguez" e o "apogeu do universo", também. Eu disse: "Eu não estou muito certo o que você quer dizer com "síntese".

"Como a infância. Eu posso olhar para isso. A síntese da minha infância."


"Mas há algum momento na infância em que você se sente particularmente vulnerável. Você sentiu isso? Elizabeth disse que ela sentiu que era propriedade do estúdio."

"Às vezes, muito tarde da noite, nós tínhamos que sair - podia ser três da madrugada - para fazer um show. Meu pai nos obrigava. Ele iria nos levar lá. Eu tinha sete ou oito anos. Alguns desses lugares eram clubes ou festas particulares nas casas das pessoas. Nós tínhamos que nos apresentar. Isso era em Chicago, Nova York, Indiana, Filadélfia", ele acrescentou - "em todo o País". Eu estava dormindo e eu ouvia meu pai. " Levante-se! Temos um show! "


"Mas quando você estava no palco, você não tinha um certo tipo de emoção?"

"Sim. Eu adorava estar no palco. Eu adorava fazer os shows. "


"E o outro lado do negócio - se alguém vinha depois do show, você se sentia estranho?"

"Eu não gostava disso. Eu nunca gostei de ter contato com pessoas. Mesmo até hoje, depois de um show, eu odeio isso, conhecer pessoas. Eu fico tímido. Eu não sei o que dizer."


"Mas você fez a entrevista com Oprah, certo?

"Com a Oprah é que foi difícil! Porque foi na TV - na TV, ela está fora do meu reino. Eu sei que todo mundo está olhando e julgando. É tão difícil..."


"Isso é um sentimento recente - que está sob controle?"

"Não", ele disse com firmeza: "Eu sempre me senti assim."


"Mesmo quando você tinha sete ou oito anos?"

"Eu não fico feliz fazendo isso."


"Eu suponho que é por isso que falar com Elizabeth por telefone, durante um período de dois ou três meses, tenha sido a maneira perfeita de se conhecer. Ou fazendo o que estamos fazendo agora."

"Sim".


Em algum ponto, ouvir Michael usar a frase "infância perdida" levou-me a citar o trecho de George William Russell, "Na infância perdida de Judas/Cristo foi traído", e ouvi "Uau!", no outro extremo da linha. Ele me pediu para explicar o que isso significava, e quando eu o fiz, ele me pediu para detalhar: Que tipo de infância Judas teve? O que aconteceu com ele? Onde ele viveu? Quem ele tinha conhecido?

Eu disse a ele que Judas tinha o cabelo vermelho, que ele era o tesoureiro dos Apóstolos, que poderia ter sido Sicarii - um membro de um grupo radical judeu, que ele poderia não ter morrido por enforcamento, mas de alguma forma, explodido, com todas as suas entranhas voando. Vinte minutos mais dos apócrifos bíblicos com Michael Jackson, sobre a infância perdida de Judas, e então o ouço sussurrar novamente. "Uau!"


Fonte: Telegraph.co.uk


Última edição por Femme em Sáb 25 Fev 2012, 00:40, editado 4 vez(es)
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Mensagem por MJElaine Qua 18 Ago 2010, 22:23

...se alguém vinha depois do show, você se sentia estranho?"
"Eu não gostava disso. Eu nunca gostei de ter contato com pessoas. Mesmo até hoje, depois de um show, eu odeio isso, conhecer pessoas. Eu fico tímido. Eu não sei o que dizer."

Eu é que não saberia o que dizer se ficasse diante dele...
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Mensagem por Anne in the Closet Qui 19 Ago 2010, 11:24

Femme escreveu:[color=darkred] "Não, não quando é referente a um panorama, uma síntese de sua vida, ao invés de um momento específico."
Esta forma oblíqua e um tanto sofisticada de expressão foi uma surpresa para mim - outra surpresa de Michael Jackson. Ele me fez refletir com "embriaguez" e o "apogeu do universo", também.

[b]O mal das pessoas é justamente esse. subestimar a capacidade intelectual de Michael, vê talento, fama, escandalo....mas fecham os olhos para o mais belo dele.
Michael era um conhecedor, um pesquisador nato, pensador e questionador na realidade a sua volta. tenho certeza que ele se daria muito bem se ao invés de entertainer fosse um escritor, ou cineasta..
a visão de mundo dele, poucos tem..tudo em Michael é profundo, denso e intrigante.
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