Entrevista com John Branca no Programa Piers Morgan na CNN [Parte 1]

Entrevista com John Branca, co-executor do Espólio de Michael Jackson, no Programa Piers Morgan na CNN [Parte 1]

Em 03 de outubro de 2011

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.





MORGAN: John Branca é co-executor do espólio de Michael Jackson. O espólio já arrecadou mais que todos os espólios das outras celebridades juntas. Howard Weitzman é o advogado do espólio. E John Branca e Howard Weitzman se juntam a mim agora.

Deixe-me começar com você, John. Você muito raramente dá entrevistas para a televisão. Qual é a sua principal motivação em vir a público agora?

BRANCA: Bem, Piers, Michael não está mais conosco, obviamente. E nós sentimos que temos uma mensagem para falar sobre o show Cirque Immortal e várias outras questões que sentimos seria bom abordar neste momento.

MORGAN: Você conheceu Michael por cerca de 30 anos. Uma relação extraordinária de tempo com ele. Como você descreveria a natureza de seu relacionamento ao longo desse tempo? Foi um pouco de montanha russa, não foi? Você meio que mergulhou dentro e fora de sua vida empresarial.

BRANCA: Bem, nós começamos em janeiro de 1980. E eu nunca vou esquecer a primeira reunião. Michael estava com seus óculos escuros. E no meio da entrevista, ele se inclinou e disse: "Branca, eu te conheço"? Eu disse, "eu acho que não, Michael. Acho que esta é a primeira vez que nos conhecemos." E ele disse: "Você tem certeza?" E eu disse, "Michael, eu acho que eu lembraria." (risos)

BRANCA: Então nós ficamos por cerca de uma década, e, em seguida, juntos e separados por muito perto de três décadas. Eu era seu principal conselheiro de negócios por grande parte desse período. E tínhamos desenvolvido uma amizade também.

MORGAN: Eu o entrevistei uma vez. Experiência fascinante. E já discutimos isso no show algumas vezes, mas você é o cara mais interessante para falar sobre isso porque eu senti que quando falei com ele sobre o trabalho de caridade ou crianças, ou quem quer que seja, ele tinha uma voz suave, gentil, aguda.

Quando eu conversei com ele sobre qualquer coisa a ver com negócios, ela parecia cair algumas oitavas e ele se tornou muito mais sério e, ouso dizer, adulto na forma como ele falou.

Você achava isso com ele?

BRANCA: Absolutamente. Michael era multifacetado. Ele foi mal interpretado em alguns aspectos, mas pensamos que o filme "This Is It" deu aos fãs uma visão muito boa do Michael real. Ele era um perfeccionista e, ao mesmo tempo, ele era um humanitário que respeitava o trabalho dos seus colegas artistas.

MORGAN: Como um bom empresário bom, você diria?

BRANCA: Sim, Michael tinha grandes instintos, nomeadamente em matéria de marketing e promoção. Ele estava sempre ligado a seus fãs. E ele manteve uma base de fãs leais até hoje.

MORGAN: Você teve esta experiência extraordinária com ele em "Thriller", quando a maioria dos vídeos no momento custavam cerca de 50.000 dólares para serem feitos. E Michael tinha um plano cada vez mais fantasioso, o que significava que o custo de fazer o vídeo "Thriller" ia ser de US $ 1 milhão. E ele veio a você e disse, certo, Branca, faça este trabalho.

E você teve a brilhante idéia de sair e lançar o making of do vídeo "Thriller" como um programa de TV por si só e um vídeo. E você vendeu isso por US $ 1,2 milhão. Então você acabou fazendo um lucro para Michael. Ele deve ter pensado que você era um gênio, não foi?

BRANCA: Bem, Michael era o gênio. Mas o vídeo de "Thriller" era tão bom, ele foi considerado o maior vídeo de todos os tempos.

MORGAN: E passando a outro negócio inteligente que Michael Jackson fez - eu sei que você estava muito envolvido nisso - foi a decisão de colocar as mãos sobre o catálogo dos Beatles. Conte-me sobre esse processo.

BRANCA: Bem, Michael tinha uma boa amizade com Paul McCartney. E depois de "Thriller", Michael tinha muito dinheiro, um grande caixa. Então, Michael me pediu para ligar para Paul McCartney e Yoko Ono, seus bons amigos. Ele não queria concorrer contra eles. E eu falei com Yoko. E eu disse, "Yoko, você está dando lance para este catálogo?" E ela disse, "não. Ficaríamos felizes se Michael pudesse obtê-lo, em vez de alguma grande corporação."

Eu falei com o advogado de Paul McCartney, que disse que não eles não estavam na disputa. Então, nós fomos. Levamos um ano para fechar o negócio. Não foi fácil. Havia muita competição. Mas Michael era apaixonado. Ele queria investir em coisas pelas quais ele era apaixonado. Então, nós fomos comprar o catálogo dos Beatles. Mais tarde, trouxe alguns direitos autorais de Elvis Presley. E aquela editora agora constitui a pedra angular de seu patrimônio líquido.

MORGAN: Mas em relação à música dos Beatles, isso ainda faz parte do espólio de Michael?

BRANCA: Com certeza, sim.

MORGAN: E em termos de números absolutos mastigados aqui, você poderia me dizer agora o que ele pagou por isso e o que ele pode valer agora?

BRANCA: Bem, nós compramos o catálogo em 1985. Nós gastamos US $ 47,5 milhões, como é bem conhecido. Vendemos uma biblioteca de música de fundo. Então, seu investimento líquido foi de cerca de US $ 41 milhões. E embora eu não possa dar detalhes confidenciais, tem sido relatado que a Sony/ATV vale mais de US $ 2 bilhões e Michael é dono de metade.

MORGAN: Uau. Então ele foi de 40 e tantos milhões para US $ 1 bilhão?

BRANCA: Sim. E eu gostaria de dizer que, além da Sony/ATV, Michael tem sua própria editora que se chama My Jack, que detém todas as suas próprias canções, assim como muitas outras canções que ele comprou ao longo dos anos. Então, quando você soma as duas empresas, juntas, isso é ainda mais valioso.

MORGAN: Então todas essas besteiras sobre Michael ter meio bilhão de dólares em dívidas quando morreu é um monte de mentiras, não é? Presumindo que só os direitos autorais pelo som dele eram no valor de vários bilhões de dólares.

BRANCA: Bem, Piers, eu queria comentar sobre as especulações sobre a dívida de Michael. O patrimônio líquido, você sabe, ninguém quer ter que vender esses ativos. Então você sabe, esses ativos são a base que nós mantemos - planejamos manter para as crianças de Michael e manter na família.

MORGAN: Que tipo de decisões você tomou que terminou por serem muito inteligentes em relação à administração do espólio dele?

BRANCA: Bem, meu co-executor John McClean e eu - vamos reconhecer isso, Piers, temos a sorte de representar Michael Jackson. O que torna nosso trabalho fácil em alguns sentidos. Mas acho que a primeira coisa que fizemos é que tomamos a decisão de dar sinal verde para a proposta do filme "This Is It".

E vou dizer, naquele momento, nós fomos criticados. Pessoas - você sabe, alguns membros da família, disseram que Michael não iria querer que essas fitas de ensaios saíssem. Mas John e eu sentimos que você realmente via Michael como um grande artista e um grande humanitário. Essa foi a nossa primeira grande decisão.

E ele acabou se tornando o maior documentário e o maior filme-concerto de todos os tempos. E eu acho que nós convertemos mesmo novos seguidores para Michael.

MORGAN: Quando eu entrevistei Jermaine Jackson recentemente, ele disse que havia um monte de cenas cortadas daquele filme que, se as pessoas as vissem, elas estariam preocupadas com a fragilidade de Michael, sua condição frágil. O que você diria sobre isso?

BRANCA: Não sei se isso é verdade ou não. Kenny Ortega, que é um grande diretor, passou por todas as fimagens para montá-lo. E você sabe, eu acho que qualquer artista, eles têm seus grandes dias e eles têm dias off. Essa é a natureza do ensaio.

Então, eu não vi todas cenas cortadas, mas estou bastante confiante de que o que você vê na tela representava o verdadeiro Michael.

MORGAN: Você estava tão próximo dele que, na fase em que você se casou pela primeira vez, Michael veio, ele foi o padrinho. Ele trouxe o chimpanzé Bubbles que usava um smoking. Little Richard era o ministro. Difícil imaginar alguém sendo tão próximo dele como você era no momento.

Ele trouxe você de volta para a vida empresarial dele pouco antes de morrer, não foi? Era para executar as coisas dessa fase do show? Sei que você não estava trabalhando para a AEG, mas explique essa relação.

BRANCA: Primeiro, eu estou feliz que você mencionou este primeiro casamento, porque eu tenho boas recordações de Michael sendo o padrinho e Bubbles de smoking. Foi impagável. Foi impagável.

Em termos de voltar para a vida de Michael, nos separamos amigavelmente em 2006. E eu recebi um telefonema do gerente de Michael, Frank Dileo, cerca de um mês antes de nos encontrarmos. E Michael estava animado e Frank estava animado com a turnê. E eles queriam que eu pensasse sobre algumas idéias do que poderíamos fazer durante toda a turnê.

Frank Dileo e eu nos encontramos várias vezes. Então, finalmente, eu encontrei novamente com Michael cerca de uma semana antes dele falecer. Nós nos encontramos no fórum onde ele estava ensaiando. E eu estou tão feliz que nós tivemos essa oportunidade de nos ver outra vez.

MORGAN: Como ele pareceu com você?

BRANCA: Não foi uma longa reunião. Sabe, eu fiquei lá por talvez uma hora. E Michael parecia ótimo. Ele parecia - sabe, haviam Michaels diferentes. Eu vi Michael às vezes onde ele estava muito introvertido e muito tranquilo, e outras vezes em que ele era muito extrovertido.

Acho que naquela noite ele estava realmente se preparando para o show. Ele estava indo para a Inglaterra em breve. Por isso, foi difícil tirar conclusões a partir dessa reunião.

MORGAN: Nós vamos fazer uma pequena pausa, John. Quando voltarmos, eu quero falar com você e Howard sobre o momento em que soube que Michael tinha morrido, e os problemas que você teve na execução deste espólio extraordinariamente complexo.

Continua...