A morte de Michael Jackson, como a dos grandes artistas, resulta em uma enorme perda para a música negra

A morte de Michael Jackson, como a dos grandes artistas antes e depois, resulta em uma enorme perda para a música negra

Por Rahiel Tesfamariam, em 26 de junho de 2012

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.

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É difícil acreditar que tanto tempo se passou desde que o mundo perdeu Michael Jackson. O "Rei do Pop" morreu há três anos, segunda-feira de uma overdose de medicamentos administrados a ele por seu médico, Conrad Murray, que mais tarde foi considerado culpado de homicídio culposo e condenado a quatro anos de prisão.

Cada geração tem seus momentos quando uma figura querida do público é tirada de nós. É uma lembrança que muitas vezes fica para sempre gravada nas nossas memórias. Não importa quanto tempo passou, você pode olhar para trás e lembrar exatamente onde você estava quando você recebeu a notícia que fez você se perguntar se as coisas jamais seria as mesmas. Para muitos de nós, a morte de Michael Jackson foi um dos jogos de mudança de momento no tempo.

Parece que esses momentos estão acontecendo mais e mais vezes, especialmente no mundo da música negra. Mas a tragédia real é que não estamos apenas perdendo esses artistas queridos. Nós também estamos perdendo nossa cultura.

No ano passado, perdemos lendas musicais como Etta James, Cornelius Don, Donna Summer e, claro, Whitney Houston. Localmente, o Washingtonians lamentou a perda de Chuck "Padrinho do Go-Go" Brown, que colocou a capital do país no radar cultural do país.

Olhe para a forma como tentamos reviver o passado. Ele retorna na forma de um Tupac ressuscitado no Coachella, em rumores de um filme biográfico de Whitney Houston, e os irmãos Jackson fazendo uma turnê de 16 cidades-sem o seu irmão Michael. Mas nunca é o mesmo. Com cada morte, um pedaço da imaginação artística do público e, inevitavelmente, quem somos como povo se vai com ele.

Embora não descarte a grandeza de várias gerações que permanece em nosso meio, não posso deixar de ficar preocupado com o estado do entretenimento negro. Estamos longe de uma seca cultural, mas grande parte da música de hoje não pulsa com a mesma alma que fez em épocas passadas.

Grande parte da minha decepção provém do comercial hip-hop. Fico triste que minhas sobrinhas não tenham um equivalente ao rap Arrested Development sobre manos "desrespeitando minha rainha negra, segurando suas virilhas e ser obsceno" nas rádios urbanas que ouvem diariamente. Onde estão The Fugees e Tribe Called Quest para a nova geração? Mesmo na esfera R & B - para cada H-Town que falava sobre "bater as botas" subsistia um Boyz II Men que cantavam sobre amar alguém até o "End of the Road" ou "Water Runs Dry." Havia um maior equilíbrio, e como resultado, pudemos escolher a nossa música à la carte.

Steve Harvey levou este ponto em casa em "Os reis originais da comédia," quando ele falou sobre a diferença entre o Earth, Wind and Fire perguntando "você se importaria se eu olhasse em seus olhos até ficar hipnotizado e eu perder o meu orgulho?" e artistas de hoje pedindo "who shot ya?" A diferença entre Lenny Williams chorando o seu caminho através de “Cause I Love You” e artistas de hoje fazendo música saturada com sexo, mas completamente desprovida de amor.

Muito parecido com a nossa comida, a música que consumimos hoje é projetada através de tecnologia muito avançada e longe de qualquer coisa orgânica ou caseira. A produção comercial, sintética da música ficou tão ruim que um artista popular, como Jay-Z sentiu a necessidade de chamar para o “Death of Auto-Tune” como uma crítica e um desafio para os indivíduos como T-Pain, que popularizou a engenharia de áudio-tecnologia.

Os artistas não são os principais responsáveis ​​por esse comprometimento da integridade cultural. A indústria movida pelo corporativismo não está tão investida em fazer música intemporal como EWF de "Love’s Holiday", como está em sintonia com as tendências de consumo com o propósito de ter apelo de massa. É até uma fórmula agora. Os artistas são obrigados a ter apelo de massas, a fim de ser sustentável - mesmo que a cultura sofra como resultado. A rapper Nicki Minaj é um bom exemplo de como um som de fórmulas e uma marca sexo-driven prosperará contra todas as probabilidades. Seus single cruzado "Starships” estreou em 9º na Billboard Hot 100, ainda que fosse, como a revista observou, "um ponto de partida no som do rapper Young Money".

Com esse nível de sucesso calculado, o que vai desafiar esta geração de artistas a perseguir a música com a mesma visão global que Michael Jackson teve? O gênio por trás de "Thriller" cruzou todos os limites humanos que nos divide. Pouquíssimos artistas podem popularizar a cultura de uma nação nas formas em que Michael fez. Ele tinha seus defeitos (muitos deles), mas ele fez a América olhar bem nos olhos do mundo. E ele nos fez, como americanos, nos sentir bem sobre nós mesmos.

Isso não é ignorar o fato de que artistas como Rihanna tem apelo mundial similar. Mas não era só a música de Michael que era de âmbito mundial, a sua paixão por servir também era. MJ era um servo. É difícil imaginar artistas contemporâneos como Rihanna e Beyoncé oferecendo o equivalente a "We Are the World", com a sinceridade que o trabalho de caridade de Michael tinha. Mas isso pode não ser uma declaração sobre eles, tanto quanto é sobre a diferença entre geração baby boomer de Michael, que viveu os direitos civis e movimentos Black Power, contra a minha geração, que aparentemente tem uma vertente muito mais egocêntrica e materialista passando por ela. O talento artístico egoísta permeia a nossa paisagem cultural contemporânea porque muitos de nós já têm as nossas liberdades asseguradas e nenhum sentimento de obrigação de viver uma vida para servir.

Nós não podemos trazer Michael ou qualquer um desses artistas que se foram de volta. Mas podemos ter esperança de viver em um mundo onde artistas compreendam que ser o maior de todos os tempos é muito mais do que apenas música, é também de tocar a humanidade de uma maneira que transforma as pessoas para sempre. No final, o quanto a nossa cultura prospera vai depender de como estamos preocupados com o bem estar do próximo e as necessidades do nosso mundo.


Fonte: The Washington Post