Michael Jackson e a economia da turnê após a morte

Michael Jackson e a economia da turnê após a morte

Por Zack O'Malley Greenburg, em 25 de outubro de 2011

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.

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Se Michael Jackson tivesse sonhado com um show de grande orçamento a ser realizado após a sua morte, não é inconcebível que ele teria incluído uma banda de 12 instrumentos, três backing vocals e rios de tecido envolvendo múmias que irrompem de caixões e imediatamente começam a dançar.

Essa foi precisamente a cena no início deste mês no Bell Center em Montreal, onde o Cirque du Soleil Michael Jackson: The Immortal World Tour fez sua estréia. O show de arena está previsto para viajar 150 datas na América do Norte até julho e deverá para ser executado até 2014 internacionalmente.

"Todos nós temos feito o nosso melhor para tornar esta uma celebração de sua essência, na sua ausência", diz o diretor musical do show, Greg Phillinganes, um tecladista que tocou centenas de shows ao lado de Jackson ao longo dos anos. "Sua paixão pela humanidade ... o seu compromisso com a excelência, o seu talento para o grande show, tentamos incorporar todos esses fatores."

O espetáculo do Cirque é a última peça do império de entretenimento póstumo de Jackson, acrescentando tanto ao seu legado musical e aos cofres consideráveis de seu espólio. O Rei do Pop ganhou cerca de meio bilhão de dólares desde sua morte, no verão de 2009, incluindo gritantes US $ 170 milhões nos últimos 12 meses, graças à agressivas decisões de negócios dos administradores de seu espólio e um derramamento de apoio e nostalgia na sequência de sua morte.

Jackson tornou-se o líder de mercado vendendo 8,3 milhões de álbuns nos EUA no ano que ele morreu, quase o dobro da segunda colocada, Taylor Swift. Nesse mesmo ano a Sony concordou em pagar ao espólio de Jackson US $ 250 milhões por 10 projetos musicais ao longo dos próximos sete anos, e outros US $ 60 milhões pelos direitos de This Is It, que posteriormente se tornou o filme-concerto e documental de maior bilheteria de todos os tempos. Mais recentemente, as vendas de DVDs e royalties da própria editora de Michael Jackson, a Mijac Music, acrescentou dois dígitos de milhões à sua tomada de contas anual.

O ativo mais valioso de Jackson é uma participação de 50% no catálogo musical Sony/ATV. Comprado por Jackson por US $ 47,5 milhões em 1985, o catálogo inclui hits dos Beatles, Elvis Presley, Eminem e outros e, embora ele tenha vendido metade à Sony em 1995, sua participação ainda fatura entre US $ 50 milhões a US $ 75 milhões por ano.

Mas não se surpreenda se o Cirque du Soleil se tornar a jóia no topo da coroa post-mortem em dinheiro de Jackson. O show já vendeu US $ 40 milhões em ingressos e fatura uma média de US $ 2,5 milhões por noite, segundo a provedora de dados Pollstar. Isso é um total de US $ 1 milhão a mais por show do que fatura Jay-Z, Lady Gaga ou Justin Bieber. O sucesso inicial do show pode ser atribuído em parte ao amplo interesse gerado pela combinação da voz icônica de Jackson com os feitos fantásticos de movimento humano do Cirque.

"Estamos descobrindo que as pessoas que vêm para o show não são apenas os fãs incondicionais de Michael Jackson", diz John Branca, co-executor e advogado de longa data de Jackson. "O Cirque fez um trabalho maravilhoso que é imperdível para qualquer fã de entretenimento ao vivo ... Quanto aos fãs de Michael de Jackson, eles sentem que acabaram de ver um show de Michael Jackson."

Claro, a maior diferença entre o show do Cirque e uma turnê de Jackson - tanto musical e financeiramente é a ausência de Jackson. E enquanto alguns poderiam argumentar que a presença física do Rei do Pop iria melhorar qualquer show, é concebível que o espetáculo do Cirque vai acabar por ser mais rentável do que uma turnê solo de um Michael Jackson vivo. Isso porque, sem uma estrela, especialmente uma com hábitos dispendiosos de Jackson, os custos da turnê tendem a ser muito menores.

"Há comitivas que acompanham pessoas assim, e todas elas têm suítes presidenciais", diz o veterano promotor de shows Ron Delsener. "Quando você não tem tudo isso, obviamente que serão menores."

Delsener estima que os custos associados a ter uma estrela do calibre de Jackson na estrada, incluindo hospedagem de luxo, despesas com acompanhantes, serviço de limusine toda a hora, reservas de jatinho particular e muito mais, podem acrescentar até cerca de US $ 200.000 por dia. Assim, como é que Immortal pode se comparar com uma turnê solo, financeiramente falando?

Como regra geral, a Forbes pressupõe que um artista levará para casa cerca de 30% da receita bruta dos ingressos, dependendo da importância da turnê. Por este cáculo, Immortal faturaria US $ 750.000 por noite de US $ 2,5 milhões em vendas de ingressos. O Espólio divide todos os custos e os lucros com o Cirque du Soleil.

Amortize a participação de 50% do Espólio na turnê, de US $ 60 milhões em custos iniciais em todo o primeiro ano, e você começa com US $ 200.000 em cada uma das primeiras 150 datas. Deduza metade dos lucros por noite, e o lucro líquido do Espólio é de US $ 175.000 por show.

Jackson tendo lançado - e financiado- uma turnê solo inteira, os números não parecem tão bons. De US $ 750.000 em lucros por noite, um total de US $ 400.000 seriam para pagar os custos iniciais; pelos cáculos de Delsener, outros US $ 200.000 iriam para a manutenção da comitiva. Jackson manteria US $ 150.000 dólares por noite.

Assim, ao longo de 150 shows solos, Jackson iria levar para casa quase US $ 4 milhões a menos do que o show do Cirque geraria para seu Espólio. E isso antes de acrescentar qualquer dos royalties que o Espólio recebe por cada show do Cirque.

Certamente, esses cálculos podem ser diferentes se fosse para espalhar os custos iniciais da turnê durante três anos de vida, em vez de ao longo de um único ano, ou com um promotor de shows a bordo para dividir os custos de iniciar uma turnê solo. É também possível que Jackson poderia ter cortado seus gastos quando na estrada. Mas o exercício demonstra que Immortal certamente tem potencial para ganhar para o espólio de Michael Jackson tanto, ou mais, do que uma turnê solo em grande escala.

Converse com alguns dos músicos na turnê do Cirque, porém, e quase parece que eles fariam isso de graça.

"Este tem sido um trabalho total de amor e de mais alto respeito pelo maior artista do mundo", diz Phillinganes. "Temos a sorte de ter as bençãos não só Espólio, mas da família, e estamos orgulhosos de ter desempenhado um papel na realização disto."


Fonte: Forbes