Entrevista com John Branca no Programa Piers Morgan na CNN [Parte 2]

Entrevista com John Branca e o advogado Howard Weitzman no Programa Piers Morgan na CNN [Parte 2]

Em 03 de outubro de 2011

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.






MORGAN: Estou de volta agora com John Branca, co-executor do espólio de Michael Jackson, e Howard Weitzman, advogado de Jackson. Howard, deixe-me introduzir você aqui. Uma conversa obviamente fascinante com John.

As pessoas realmente não entendem, eu acho que não, exatamente qual o império de negócios que Michael Jackson tinha acumulado até o final. Em toda a sua experiência de trabalhar na indústria do entretenimento, como era a posição de Michael no império de negócios?

WEITZMAN: Michael era realmente único. Há muito poucos ícones legítimos no negócio do entretenimento. Muitas pessoas tentam chegar a esse nível ou são vistos de maneiras diferentes, mas Michael era realmente único. Ele tinha a capacidade de gerar milhões e milhões de fãs no mundo inteiro. Isso se convertia em grandes números.

E nós vemos isso, infelizmente, após a morte, assim como quando ele estava vivo. Uma pessoa extraordinária.

MORGAN: É correto dizer - eu não quero ser mórbido sobre isso, mas é certo dizer - há uma espécie de velha piada sobre isso, que quando artistas morrem, muitas vezes é a sua melhor jogada na carreira, porque bilhões e bilhões de seus álbuns são vendidos e assim por diante. Mas há uma certa verdade nisso, isso está lá, se você olhar para Elvis, John Lennon, Freddie Mercury e assim por diante, sua morte pode desencadear enormes somas de dinheiro entrando no espólio.

WEITZMAN: Eu acho que isso é verdade. O catálogo tem um pico de vendas por um tempo. O que diferencia Michael dos outros, na minha opinião, a gravação de "This Is It" - ou o filme "This Is It", por exemplo, o CD "This Is It", agora os shows do Cirque. Ele foi capaz de criar negócios adicionais para além da música. E isso é incomum.

MORGAN: John, deixe-me perguntar isso a você. Michael era bem conhecido por ser muito perdulário com seus gastos. Quão grande era esse problema para ele? Eu não quero que você entre em detalhes precisos de que dívida que ele pode ou não ter tido. Mas seu gasto era fora de controle, como as pessoas ficavam dizendo que era?

BRANCA: Bem, essa era uma área que foi tratada pelos gestores de negócios e contadores de Michael. E Michael ganhou muito dinheiro. E eu acredito que provavelmente é verdade que ele gastou um monte de dinheiro. Mas ele deixou muito para trás. Ele tinha muito show para isso.

MORGAN: Você trabalhou brevemente com o espólio de Elvis, eu sei disso.

BRANCA: Sim.

MORGAN: Como isso se compara, dois grandes artistas, artistas solo? Como seus espólios se comparam em termos de como gerenciá-los?

BRANCA: Bem, é difícil comparar. Elvis surgiu em uma época diferente, nos anos 50. Eu era um grande fã de Elvis. Essa é uma das razões por que eu entrei na indústria da música.

Mas Michael, sabe, ele foi para a escola Berry Gordy Motown do negócio da música, e então aprendeu com grandes mestres. Uma das coisas que eu descobri representando vários membros do hall da fama é, quando as gerações foram passando, os músicos se tornaram muito mais inteligentes. E então Michael, penso eu, aprendeu com seus antecessores, como eu fiz.

E assim ele foi capaz de controlar seus ativos de uma forma que os artistas anteriores não foram.

MORGAN: Com que velocidade esses ativos se valorizaram desde a sua morte?

BRANCA: Bem, sabe, nós tentamos fazer as coisas certas. Eu acho que John McClean e eu tivemos a vantagem de ter um relacionamento com Michael de longas décadas. John foi para a escola com Michael e seus irmãos, gerenciando Michael em um momento. Eu era um consultor de negócios desde 1980.

Então nós meio que sabíamos como Michael pensava, que tipo de escolhas ele faria. Eu estava familiarizado com os ativos. Então, nós temos sido capazes de tomar decisões que achamos que fossem verdadeiras para Michael. Então, portanto, esperamos estar agregando valor ao espólio de Michael com este propósito.

MORGAN: Este espólio não tem sido isento de problemas porque ambos, Katherine Jackson e Joe Jackson, contestaram o testamento logo no início. O que foi aquilo? Por que a família se inquietou pelo testamento? O testamento foi escrito em 2002. Então, muito tempo antes dele morrer.

WEITZMAN: Bem, eu acho que eles foram mal aconselhados e a contestação foi uma tolice. Michael claramente nomeou John McClean e John Branca para serem os executores de seu testamento e os administradores de seus fundos. Em última instância, o tribunal rejeitou a contestação. A corte de apelações rejeitou a contestação. E John McClean e John Branca são, de fato, os executores e os curadores.

MORGAN: Estou certo em pensar que o espólio já pediu para distribuir 30 milhões de dólares aos beneficiários do testamento, que seriam sua família mais próxima e crianças?

WEITZMAN: Sim. É algo que tínhamos planejado há um ano. É só uma distribuição preliminar. Você sabe, o tribunal tem um determinado processo, pelo qual temos que passar. Você lida com questões de Receita Federal, as questões do espólio no estado da Califórnia. Mas, enfim, os executores, John Branca e John McClean, decidiram que era hora de uma distribuição preliminar. Trinta milhões de dólares foram para o Fundo da família de Michael Jackson.

MORGAN: John, presume-se que, como co-executor, você deve ter lido o testamento para a família?

BRANCA: Sim, eu fiz isso para a Sra. Jackson e vários dos irmãos de Michael.

MORGAN: Uma experiência extraordinária. Como foi isso?

BRANCA: Muito emocional. A Sra Jackson tinha perdido seu filho. Os irmãos e irmãs de Michael tinham perdido um irmão amado. E nós nos reunimos na casa de Jermaine e lemos o testamento. E eu deixei uma cópia do testamento com ela. Acho que estávamos todos em estado de choque. Ninguém poderia ter previsto a morte de Michael.

MORGAN: Qual foi sua primeira reação? Você sabia que era o co-executor ainda? Estava você ciente de que o testamento de 2002 ainda estava em jogo?

BRANCA: Não, em absoluto. Michael teve uma sucessão de advogados e consultores de negócios posteriormente. E eu não sabia qual era o testamento final. Nós entregamos o testamento ao tribunal. E nós não sabíamos se haveria outro mais recente.

MORGAN: Você conseguiu - as coisas não se remendam, mas você já conseguiu acalmar a família até agora sobre suas intenções serem perfeitamente honrosas em relação ao testamento? Eles estão em um quadro mais relaxado de espírito sobre isso?

BRANCA: Eu acho que sim. Eu espero que sim. O irmão de Michael, Jackie, é um consultor para o espólio, assim como o sobrinho de Michael, Taj. E, claro, a Sra. Jackson e os três filhos de Michael são os únicos beneficiários do espólio, além, é claro, da contribuição que será feita para a caridade.

MORGAN: Outra pequena pausa. Quando voltar, quero falar com você sobre, nomeadamente, o projeto do Cirque du Soleil, que é provavelmente a maior coisa que você aprovou como um co-executor, e ver qual é o plano para isso.

MORGAN: Voltando agora com os meus convidados especiais, John Branca e Howard Weitzman. John, fale-me sobre o Cirque du Soleil, por que a sua história com Michael e este show em particular remonta, eu acho, que à Santa Monica Pier. É isso mesmo?

BRANCA: É verdade, Piers. Lembro-me de uma noite, creio que foi em 1989, quando Michael e eu fomos pela primeira vez ao show do Cirque du Soleil, que estava no Santa Monica Pier.

O que eu me lembro sobre aquela noite, nós estávamos em uma van. Eu estava dirigindo. E por que nós estávamos em uma van, não me lembro. Michael tinha um bom carro, eu tinha um bom carro. Ali estava Michael, o maior astro do mundo. E fomos sem segurança. E eu estava tão nervoso dirigindo para Michael, eu me perdi na auto-estrada 405.

Então acabamos ficando para o show do Cirque. Michael ficou claramente cativado. Ele me disse, 'Branca, temos de ir aos bastidores após o show.' 'Claro, Michael. Então vamos aos bastidores' e ele queria conhecer o elenco. Eu nunca vou esquecer. Eu não posso dizer quem estava mais animado, se Michael por conhecer o elenco ou o elenco por encontrar Michael.

Foi uma daquelas noites mágicas. E, posteriormente, Michael visitou Montreal em mais de uma ocasião para se reunir com o proprietário do Cirque, Gilles de la Liberte. Michael era um grande fã do Cirque.

Assim, John McClean e eu sabíamos que tínhamos de criar um show ao vivo. Berry Gordie chamou Michael de o maior artista que já viveu. Então, para fazer um show ao vivo de forma adequada, nós sabíamos que tinha que ser algo realmente especial. Você certamente não pode colocar alguém em cima do palco para tentar executar por Michael. Isso seria absurdo.

Assim, nós consideramos várias alternativas. E eis que recebi um telefonema de Gilles de la Liberte, que disse o Cirque estava interessado em fazer um show de Michael Jackson. Se você viu os shows do Cirque du Soleil, eles criaram alguns dos maiores shows já feitos.

Nós imaginamos que isso pode ser o casamento perfeito. Se você viu "This Is It", Piers, você viu que perfeccionista Michael era. E vemos o mesmo nível de detalhamento no Cirque du Soleil. Por isso, parece uma união feita no céu.

MORGAN: A união, só para esclarecer, é uma espécie de fusão do Cirque du Soleil, como nós conhecemos, mas mesclado com a música de Michael. É isso mesmo?

BRANCA: Isso mesmo. Um dos nossos principais objetivos é que o Cirque tem uma série de shows. E todos eles são excepcionais. Mas nós queríamos ter certeza de que este era um show de Michael Jackson. Os fãs de Michael querem um show de Michael Jackson. E o Cirque estava a bordo para isso.

Nós contratamos muitas pessoas que colaboraram com Michael. O diretor, Jamie King, dançou com Michael. Dois dos coreógrafos, Travis Pane e os irmãos Tallajuega, trabalharam com Michael.

Há uma banda ao vivo no show, dirigida por Greg Philinganes, que tocou em todos os álbuns de Michael e excursionou com Michael.

Então o que você vê, este é um show de rock itinerante que viajará para palcos em todo o mundo, a banda ao vivo, os vocais de Michael, visual e coreografia incríveis. E você vai sair vendo algo que não creio que jamais foi feito antes, um show de Michael Jackson feito pelo Cirque du Soleil.

MORGAN: Em 2013, ele vai para Vegas permanentemente e haverá um Michael Jackson Museum?

BRANCA: Haverá outro show que será criado de forma permanente e especificamente para um teatro em Las Vegas em 2013.

MORGAN: Deixe-me trazê-lo aqui, Howard. Eu acho que é mais apropriado perguntar a você sobre o julgamento em curso de Conrad Murray. Você foi o cara que representou Michael durante as alegações de abuso infantil em 1993. O que você acha de tudo isso?

WEITZMAN: A questão neste caso será se Conrad Murray trabalhou no padrão adequado de cuidados para um médico nessa situação. Eu li a mesma coisa que você leu sobre a sua defesa. Eu estive de mais de 200 tribunais do júri. Então eu sei o suficiente para saber que você realmente não pode prever isso. A evidência será o que é.

Mas me parece que apontar o dedo para a vítima é sempre uma batalha difícil. Esta parece ser a defesa do Dr. Murray. O que eu espero, pessoalmente, é que o júri faça a coisa certa.

MORGAN: Muitas pessoas têm me dito que o catalisador para os problemas de Michael com o vício em analgésicos e problemas de sono e assim por diante foi dois momentos. Um deles foi o terrível acidente com o comercial da Pepsi em que seu cabelo foi incendiado e isto lhe causou queimaduras graves. Ele tomou a analgésicos para isso.

Em segundo lugar, as alegações de abuso infantil tiveram um efeito extremamente negativo sobre sua saúde e em seu sono. Você estava, obviamente, no centro disso. O que você acha disso?

WEITZMAN: Eu acho que as pressões por todas as acusações, mesmo que sejam falsas e apesar de você sair absolvido, coloca uma enorme pressão sobre você. E eu também acho que as demandas de um negócio podem colocar pressão sobre você. Eu realmente não estou a par de Michael usar drogas. Novamente, apenas o que eu li e ouvi falar sobre isso.

De qualquer forma, alguém apontando o dedo para ele como sendo o responsável pela sua própria morte é um conceito que eu rejeito.

MORGAN: John, deixe-me encerrar com você. Eu vi Michael Jackson se apresentando algumas vezes ao vivo. E para mim ele foi o maior artista que eu já vi. Você tem representado, como Howard tem, muitos dos grandes artistas do mundo. O que você acha de seu status como artista?

BRANCA: Eu acho que foi incomparável. É muito raro você encontrar alguém que possa escrever canções, como Michael fazia, cantá-las com a sua capacidade vocal, coreografá-las, produzi-las, e depois sair e executá-las. Qualquer um que possa fazer qualquer uma dessas coisas pode ser uma estrela. Em seguida, você adiciona o senso fashion de Michael e você tem um superstar único.

MORGAN: O que você acha que será seu legado?

BRANCA: Como disse Berry Gordy, o maior artista que já existiu.

MORGAN: Howard?

WEITZMAN: Para mim, quando as pessoas me pedem para descrever Michael Jackson, eu digo empurre o botão de play no vídeo ou em seu iPod e isso diz tudo.

MORGAN: Sim, eu não poderia concordar mais. Para mim, ele era o verdadeiro Rei do Pop.

WEITZMAN: Absolutamente.

MORGAN: John Howard, agradeço muito a ambos, realmente.

Weitzman: Obrigado.