Entrevista com Matt Semino, advogado e analista jurídico, sobre o Caso Murray [Parte Final]

Entrevista com Matt Semino, advogado e analista jurídico, sobre o Caso Murray - Parte Final

Por Lauren Trainor, em 01 de maio de 2011

Pesquisado por macario.
Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.





Lauren Trainor:
Quais são seus pensamentos sobre os rostos conhecidos da mídia que caluniaram Michael repetidamente no passado e agora voltam a aparecer para fazer isto novamente?

Matt Semino:
Isso não me surpreende em nada. Ironicamente, muitas das figuras da mídia que caluniaram Michael Jackson no passado tem alcançado maior sucesso financeiro e notoriedade profissional através de suas matérias tendenciosas e sensacionalistas. Se essas personalidades da mídia continuam a subir no ibope e são recompensados ​​por redes para fazer isso, não há nenhum incentivo para mudar sua abordagem de "A História de Michael Jackson" não importa qual o conjunto de fatos que têm diante de si. No final do dia, é da responsabilidade dos telespectadores a demanda pela informação verdadeira, a ética na prática profissional e a responsabilização de jornalistas, personalidades da mídia e organizações de notícias. Como a mídia é essencialmente um negócio lucrativo, não haverá nenhuma vantagem comercial na manipulação da história e a distorção dos fatos que o público se recusar a comprar.

Lauren Trainor:
Quais são suas opiniões sobre a defesa de "culpar a vítima", não apenas no caso de Murray, mas em geral? Como é, em qualquer sentido de justiça, quando a vítima não tem voz?

Matt Semino:
A relação entre a vítima e o algoz é normalmente caracterizada por um desequilíbrio de poder. É geralmente o agressor que detém, manipula e depois exerce seu poder sobre a vítima, que explora as fraquezas da vítima, com efeitos perigosos. Embora a vítima possa se envolver em comportamento ou se colocar sob circunstâncias que contribuem para serem exploradas e, finalmente, serem vítimas, é o agressor que tem que ser responsabilizado pelo abuso de poder na relação.

Como médico de Michael Jackson, Dr. Murray possuía um grande poder sobre o seu paciente, mesmo que ele afirme o oposto. Ele tinha a responsabilidade profissional de não abusar desse poder para obter ganhos pessoais não importa o que Michael Jackson, a vítima, tenha feito para se encontrar numa posição de fragilidade. No entanto, a defesa de culpar a vítima que a equipe jurídica do Dr. Murray deverá apresentar em juízo serve como uma estratégia de litígio muito fácil e conveniente. Michael Jackson será incapaz de refutar qualquer caracterização negativa verdadeira ou falsa que seja feita sobre ele e sobre as circunstâncias que causaram a sua morte, enquanto o Dr. Murray, por outro lado, terá o poder de testemunhar e declarar a sua interpretação dos acontecimentos. Isso parece bastante desequilibrado para mim.

A defesa provavelmente vai jogar com as emoções do júri, perpetuando a popular, mas não totalmente exata, percepção de que Michael Jackson era uma estrela pop emocional e fisicamente frágil, que era viciado em propofol, forçou o Dr. Murray a administrá-lo regularmente nele e, finalmente, causou sua própria morte. É difícil a idéia de que a justiça possa ser integralmente cumprida, quando o mesmo desequilíbrio de poder que caracterizou o relacionamento de Dr. Conrad Murray/Michael Jackson na casa de Jackson, agora aparecerá no tribunal.

Lauren Trainor:
Você espera participar do debate/discussão sobre este julgamento?

Matt Semino:
Com certeza! Vou fazer a cobertura e oferecer comentários legais sobre os aspectos significativos do julgamento do Dr. Murray Conrad e seu veredicto para o The Huffington Post, bem como na rede nacional de rádio e noticiários de televisão, conforme solicitado. Estou ansioso para contribuir com minhas análises jurídicas das provas apresentadas no julgamento, o depoimento de testemunhas, as estratégias da acusação e da defesa, bem como as implicações sociais e políticas do veredicto. Meu objetivo geral é dar uma perspectiva verdadeira e equilibrada sobre os fatos e questões apresentadas por este caso monumental através de uma gama diversificada de meios de comunicação.

Lauren Trainor:
Você está consciente da importância de pessoas como você e também Tom Mesereau, Patrick Treacy, aqueles que o conheceram ou trabalharam com Michael, historiadores e pesquisadores culturais como Joe Vogel, amigos e outras pessoas que têm uma plataforma para falar sobre Michael e a verdade tal como a conhecemos?

Matt Semino:
Isso é muito gentil da sua parte e agradeço por me incluir neste seleto grupo. Eu acredito que é essencial para aqueles afortunados o suficiente para ter uma plataforma para abordar as questões de desigualdade, injustiça e abuso de poder fazer isso, seja relativo a Michael Jackson ou outros. Embora, com o poder de uma tal plataforma, vem a responsabilidade de falar com honestidade e evitar a manipulação de notícias subjetivas e fatos unicamente para servir a ocultos interesses comerciais e/ou pessoais. Infelizmente, como vimos no passado com relatos sobre Michael Jackson, nem todos os que possuem tal plataforma agem com ética e responsabilidade profissional.

Lauren Trainor:
Porque você acha que a mídia se concentra tão ferozmente sobre os aspectos negativos em relação a Michael, e praticamente ignora seu legado humanitário e artístico?

Matt Semino:
Classificações [no Ibope]. Simples frases bombásticas. Lucro. Enquanto a mídia puder continuar a atrair espectadores e anunciantes através de um certo estilo de comunicação ou ângulo da história, seja sobre Michael Jackson ou qualquer outra figura pública, vai continuar a fazê-lo. Muitas pessoas não conseguem entender a aparência de Michael Jackson, o estilo de vida, as relações interpessoais, as escolhas na criação dos filhos e outros aspectos de suas ações pessoais. Tornou-se popular ridicularizar Jackson, vê-lo como um excêntrico que estava fora das normas da sociedade e que deveria ser temido. Querendo ou não, essas percepções foram justificadas, a mídia achou mais fácil e mais rentável jogar e reforçar contas sensacionalistas de Jackson, em oposição a pesquisar mais aprofundamente suas contribuições humanitárias ou artísticas para a sociedade.

Depois de anos deste relato ferozmente depreciativo, e como os problemas legais e financeiros de Michael Jackson continuaram a aumentar, se enraizou na consciência pública que as notícias sobre Michael Jackson iriam ser notícias negativas. Na minha opinião, não importa o que Michael Jackson fez, esta onda de atenção da mídia tornou-se muito destrutiva, também esmagadora e finalmente partiu o seu espírito.

Lauren Trainor:
Você tem uma opinião sobre o papel que o racismo desempenhou no negativismo dirigido a Michael?

Matt Semino:
Sim, os estereótipos raciais desempenharam um papel significativo no público e na crescente negatividade da mídia para Michael Jackson. Assim com as mudanças na cor da pele e na aparência facial de Michael Jackson ao longo dos anos, muitas pessoas ficaram confusas sobre o porquê destas mudanças estarem ocorrendo. Houve especulação constante sobre sua raça, e Jackson foi consistentemente interrogado sobre se ele ainda se identificava como afro-americano ou estava tentando ser branco ou de outra raça.

Na minha opinião, esse tipo de questionamento e análise negativa da aparência superficial de Michael Jackson e da sua identidade racial foram confirmadas pelas pré-concebidas e limitadas construções sociais sobre quais são as características físicas esperadas de diferentes raças. Assim, quando a aparência de Michael Jackson mudou, muitas pessoas tornaram-se desconfortáveis ​​com o fato de que não poderiam colocá-lo diretamente em uma caixa racial definida. Muito poucos procuraram compreender as razões fisiológicas e psicológicas que estavam conduzindo as mudanças na sua aparência física. Em vez disso, sua cor de pele e características faciais se tornaram apenas um outro chavão bombástico e excentricidade para apontar o dedo. Eu sempre pensei que havia um elemento de base de racismo que perpetuou este tema tão debatido.

Lauren Trainor:
Existe alguma coisa que você gostaria de acrescentar?

Matt Semino:
Eu quero agradecer à comunidade de Michael Jackson por me oferecer a oportunidade de compartilhar meus pensamentos e perspectivas sobre um indivíduo que, creio, foi não só um tremendo artista, mas um humanitário de primeira ordem. Michael Jackson é responsável pela melhoria da vida de tantas pessoas ao redor do mundo, e deixou uma marca indelével nesta Terra. Recomendo aos milhões de apaixonados e compassivos fãs de Michael Jackson que continuem a trabalhar incansavelmente para preservar seu legado em nossa cultura e humanidade. Obrigado!