Quando Michael Jackson Conheceu Ronald Reagan: A Integração Racial na Mente Americana

George Davis é professor emérito da Universidade Rutgers. Seu último livro é Until We Got Here.

Artigo: Quando Michael Jackson Conheceu Ronald Reagan

A integração racial na mente americana

Por George Davis, em 11 de janeiro de 2012

Traduzido por Femme, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.


O que acontece quando o espírito de "nós somos o mundo" entra em choque com o espírito de "nós somos donos do mundo"?

Imagine o mundo antes de 1960, antes do Movimento dos Direitos Civis e do Movimento das Mulheres, um mundo no qual três de cada quatro seres humanos na Terra estavam sob algum tipo de sujeição colonial. Mais difícil de imaginar, um mundo em que os americanos estavam condenados, ou auto-condenados, caso a sua busca espiritual se desviasse além do comportamento exigido nas instituições sociais - famílias, escolas, igrejas, comunidades e nações. É um mundo em que você nunca está livre para ser apenas você.

Se você puder imaginar isso, é fácil ver por que grande parte da vida desde a dissolução daquele mundo pré-1960 foi sobre o que fazer quanto às forças desencadeadas pelo rompimento. Sem medo dos perigos, alguns de nós permitiram à nossa identidade individual e nacional ficar ligada com a expansão e nutrir as forças desencadeadas e tentar unificá-las em uma grande e amorosa família humana. Uma espécie de identidade "nós somos o mundo", como nossos poetas públicos cantavam no meio da década de 1980.

Por outro lado, durante os anos 1980 havia o temor de que as forças liberadas estivessem girando descontroladas, interna e internacionalmente. Contenha elas, disseram os soldados da Revolução Reagan. A maioria de 0,01% via a Revolução Reagan como o melhor para os negócios e as conquistas comunistas em qualquer parte do mundo como ruim para os negócios. Tais conquistas eram ainda pior para a criação de um ambiente aconchegante, uma difusa unidade do tipo "nós somos o mundo".

Os comunistas tinham o sonho de uma grande mundial, mas com todas as instituições - famílias, escolas, igrejas, comunidades e nações - controladas pelos violentos e repressivos irmãos mais velhos, como Fidel Castro, Mao, e a corporação de sinistros irmãos mais velhos da União Soviética.

A liberdade espiritual do tipo "nós somos o mundo" não teve muito apoio dentro das massas cinzentas criadas nos estados comunistas. O materialismo obrigatório do comunismo era pior infinitamente que o materialismo opcional do capitalismo. Assim, até mesmo nós, os revolucionários dos anos 60 nos beneficiamos quando a engenharia de uma corrida armamentista de Reagan faliu e levou ao colapso do império soviético. Agora, as ferozes ações que rodeavam Reagan em Washington poderiam cantar "nós somos donos do mundo", ou em breve.

As duas forças espirituais fortemente opostas na América durante os anos 1980 - "nós somos o mundo" e "nós somos donos do mundo" foram estabelecidas em desacordo, como estavam na década de 1960. Os manipuladores de Reagan não queriam que ele se encontrasse com Michael Jackson, líder da força "nós somos o mundo". Jackson representava muitos dos excessos da revolução dos anos 60.

Sua imagem era a de uma estrela negra no uso de drogas que mesmo em meados dos anos 80 já estava se tornando o símbolo mundial da liberdade espiritual funcionando sem controle. Era exatamente o tipo de imagem que o Partido Republicano usava para atiçar o racismo, o sexismo, a homofobia, e zelo cristão evangélico para sua estratégia vitoriosa no sul.

No entanto, o encontro ocorreu. Jackson foi convidado para a Casa Branca de Reagan. A CNN chamou de "uma das mais fascinantes fotos da Casa Branca desde que o presidente Richard Nixon se encontrou com Elvis." Elvis era uma das figuras principais no que se pode chamar de "A Integração Racial da Mente Americana" que cresceu a partir da década de 1960.

Descendo para Arkansas, Bill "The Boy Governador" Clinton (assim chamado porque ele havia se tornado governador em 32 anos e parecia ainda mais jovem) também estava usando Elvis para integrar racialmente sua mente. Esse cara claramente branco viria a afirmar que ele foi "a América do primeiro presidente negro". Durante a década de 1980, Oprah tornou-se uma espécie de mãe terra global e Bill Cosby tornou-se "Pai dos Estados Unidos." As forças da união espiritual revidaram.

A questão desde os anos 1960 e, certamente, na década de 1980 era: poderia o espírito de "nós somos o mundo" encontrar a paz com o espírito de "nós somos donos do mundo?"

Essa pode ser a grande questão sub-textual na eleição de 2012.


Fonte: Melting Pot Modern