Entrevista com Jonathan Moffett - Parte 2

Entrevista com Jonathan Moffett - Parte 2

Por Valmai Owens, em 02 de março de 2011

Pesquisado por macario. Traduzido por Alone, exclusivamente para o MJ Dreamer. Proibida a reprodução.




Valmai: Ah, sim, muito. Jonathan você acha que Michael lhe ajudou a se tornar um músico melhor?

Jonathan: Claro que sim, absolutamente! Observando de trás da grandeza e magnitude do desempenho, e vendo como ele oferece dinâmica e emoção, você aprende muito no processo de montar um show em conjunto. Como em “This Is It”, todos podem ver como ele trabalha junto, eu trabalhei com ele por 30 anos e pude aprender isso. Então agora eu tenho uma confiança muito grande quando eu faço meus shows.

Eu estou fazendo shows em tributo a Michael agora e as pessoas têm apreciado. Elas se sentem como se eu fosse um "Michael" show. Recebi um monte de comentários de que as pessoas de se sentiram como se fosse um "show de Michael". Eu não tinha uma produção grande. Eu apenas trabalho como se estivéssemos em turnê, como se fosse um show com Michael. Se eu tivesse o orçamento que Michael tinha, eu sinto que eu poderia carregar o legado, a tradição e a classe que previa Michael, porque vendo como ele fez isso e estando por perto eu aprendi muito.



Valmai: Michael era um mestre em sincronizar seus dançarinos e músicos para que eles fluíssem juntos em perfeita harmonia. Pode nos dar um vislumbre de seu gênio criativo? Existe uma história que você poderia nos dizer que nós ainda não sabemos?

Jonathan: Bem, essa pergunta é um testemunho e uma demonstração do quanto ele conhece a sua música. Ele sabia quando algo estava faltando, uma única nota em uma corda. Ele dizia, "Algo está errado com esse acorde. O que há de errado com esse acorde? Há uma nota em falta.” Então ele “cantava” a nota em voz alta,"daaaaaaaaa"..." Onde está essa nota? Essa nota deveria estar lá.” Eu o vi fazendo isso por muitas vezes. Era o mesmo com as partes da guitarra. Ele descrevia, ele sabia isso, ele sabe tudo.

Quando não tínhamos percussões, tínhamos que usar o computador e se um certo ritmo ou padrão, (tivemos tantos ritmos e padrões sobrepostos uns aos outros) se um determinado elemento não estava lá, ele sentia. Ele sente tudo, e dizia que algo estava faltando. Ele pensava sobre isso e ele sabia exatamente qual parte não estava lá, o ritmo não estava acontecendo e isso não fazia a maquina funcionar. É como um motor. Se uma das válvulas é a que gagueja, você sabe, e ele podia sentir o que não estava funcionando perfeitamente. Michael conhecia toda a sua música, e quando todas as válvulas são cronometradas e funcionando direito e disparando corretamente, Michael sabia, porque ele a sentia emocionalmente. Ele tinha o conhecimento de como a música foi criada em conjunto. Então eu acho que é notável e realmente responde a essa pergunta. Ele era firme em relação à banda, porque ele sabe quando algo está faltando.

Nós fazíamos todo o “trabalho de casa” para aprender e depois ir para o ensaio. É para isso que nós estamos sendo pagos, e eu tenho certeza, é por isso que Michael gostava de mim lá, porque ele sabia que eu fazia isso sem desculpas. Ele confiava em mim totalmente, porque eu tenho a mesma mentalidade. Tem que ser perfeito, tem que ser o que o artista quer, porque estou sendo pago para fazer isso. Ele nunca me disse para eu fazer tudo certo para que ele possa obter o seu melhor show. Eu tenho apenas que fazer o meu melhor para que ele possa obter o seu melhor show. Ele estava contando comigo, e todo o show estava contando comigo. Como posso decepcioná-los? Eu não posso. Essa é a minha mentalidade, não tem jeito.

Assim, ele esperava que todo mundo fosse assim, e por isso ele contratava você, as pessoas que eram capazes de oferecer isso a ele. Se você estava com ele no palco ou nos ensaios, é porque ele acreditava que você estava no mesmo nível de foco e concentração e desejo de dar o seu melhor. Agora, por vezes, algumas pessoas ficavam aquém, você sabe, ficavam um pouco preguiçosos, ou não aprendiam nada certo ou não faziam direito, quando, como no filme, ele pegou o tecladista. Michael teve que ensiná-lo novamente. Então, às vezes isso acontecia, infelizmente, mas na maioria das vezes todos nós chegavamos lá e fazíamos o que era suposto fazer. Michael era o chefe que colocava mais tempero aqui e ali, "Muda isso e muda aquilo. Ponha talvez uma pouco mais de atitude aqui." Ele refina e mistura todos os ingredientes. É uma receita, e ele garante que é um bom prato para servir ao público para que desfrutem de uma refeição de música.

Valmai: Mas eu acho que era parte de seu gênio. Michael parecia saber tudo sobre todos os elementos da música. E como você disse, ele sentia. Eu acho que isso é o que o distinguem de muitos outros artistas.

Jonathan: Tudo é emoção, tudo é emoção e sentimento. Você sabe, de ver as coisas com a emoção é como ter uma visão diferente, uma visão emocional. Eu sou assim é por isso que eu o entendo. Eu sou exatamente dessa forma. Eu podia trabalhar com ele com facilidade, era fácil para mim. Ele e eu somos iguais. Ele sabia disso e eu achava que havia uma magia entre nós. Era algo que eu sentia, por isso que ele me queria lá. Sinto-me feliz e abençoado por ter sido capaz de trabalhar nesse nível e agradar a alguém como ele. Eu sei como agradar as pessoas e fazê-las me querer de volta, sei que ser chamado para o segundo show e mais importante do que para o primeiro.

Valmai: E você foi muito, muito abençoado. Você realmente foi.

Jonathan: Eu sei, eu sei. Não é um dado adquirido. Sempre terei estima por ele e eu sou muito grato.

Fonte: MJTPMagazine