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"Gone Too Soon": As Muitas Vidas da Elegia de Michael Jackson [por Joe Vogel]

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Mensagem por Femme Sáb 30 Jun 2012, 23:49


A balada foi escrita para lamentar ícones mortos, gravada por Jackson para lamentar um amigo morto, e revivida há três anos para lamentar o Rei do Pop morto.


"Gone Too Soon": As Muitas Vidas da Elegia de Michael Jackson

Por Joseph Vogel, em 25 de junho de 2012

Traduzido por Femme, exclusivamente para MJ Dreamer. Proibida a reprodução.


[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]


Quando Michael Jackson morreu três anos atrás, entre as muitas canções em seu catálogo injetadas com um novo significado estava a balada de 1991, "Gone Too Soon". Interpretada por Usher no serviço memorial de Jackson, a música tinha fascinado Jackson por anos antes dele gravá-la e acabou por colocar a fita na sequência de circunstâncias trágicas. Aqui está a história por trás da música, que foi revivida repetidas vezes para os momentos de luto público.

Era meia-noite de um domingo, quando o telefone tocou na casa dos Kohan. "Desculpe, eu te acordei?" uma voz sussurrou no outro lado da linha. "Buzzie está aí?"

Era Michael Jackson, que, no momento, estava pilotando uma das maiores ondas de sucesso popular da música já vista. Naquele mês (fevereiro, 1983) Jackson foi destaque na capa da Rolling Stone, "Beat It" juntou-se a "Billie Jean" no topo das paradas; seus vídeos eram reproduzidos repetidamente na MTV, e Thriller estava voando das prateleiras como nacos de pão.

"Buzzie" era Buz Kohan, renomado produtor de televisão e escritor (mais conhecido por seu trabalho em shows de premiação e shows de variedades, incluindo o especial Motown 25). Jackson o conheceu quando o cantor tinha apenas 12 anos de idade. Buz vivia nas proximidades, em Encino na bela Beaumont Street. Ele era um veterano bem conhecido na indústria do entretenimento, e os dois se tornaram bons amigos. Jackson fazia perguntas intermináveis ​​a Buz sobre figuras lendárias como Bing Crosby, Gene Kelly, Sammy Davis e Fred Astaire - os "grandes", como ele os chamava. Mais tarde, ele trabalhou em Las Vegas no show de variedades da família Jackson.

"Nós devíamos escrever algumas músicas juntos", um Jackson adolescente sugeriu um dia. Eles começaram a co-escrever logo depois e suas colaborações, que incluíram canções como "Scared of the Moon" e "You Were There", continuaram ao longo das próximas duas décadas.

A esposa de Buz, Rhea, haviam se acostumado às chamadas tardes da noite de Jackson. "Só um segundo", disse ela, passando o telefone para seu marido. Jackson estava ligando naquela noite sobre uma canção particular. Mais cedo naquela noite ele havia assistido Dionne Warwick (uma boa amiga) realizar uma homenagem no especial de TV "Here's Television Entertainment." Era dedicado a muitos artistas cujas vidas tinham sido interrompidas tão cedo, John Lennon, Jimi Hendrix, Janis Joplin, e Sam Cooke, entre outros, mas a sua comoção foi especialmente sentida devido à morte de Karen Carpenter, poucos dias antes com a idade de 32 anos.

"Alguns cantores carregam com eles a energia de seu tempo", disse Warwick. "Eles se tornam símbolos ou placas de sinalização. Eles são lembretes de nossas fragilidades e precisam se comunicar ... [Hoje] somos deixados com perguntas sem respostas que são feitas quando um grande talento é consumido antes do tempo: Por que? E se? E o quê poderia ter sido? "

Warwick passou a cantar uma versão comovente de uma canção co-escrita por Buz Kohan e Larry Grossman. Ela se chamava "Gone Too Soon". Jackson disse que ele chorou enquanto assistia. Ele cresceu com a música dos Carpenters. Suas canções eram parte de seu DNA. Mas nessa canção havia algo mais profundo sobre isso que o conectava a ela.

Naquela noite, Jackson disse a Buz ele sentia que tinha de gravá-la algum dia. "Ela é sua quando você quiser", disse Buz. Nos meses seguintes, no entanto, outros projetos tiveram prioridade, incluindo os clipes de "Beat It" e "Thriller". De vez em quando "Gone Too Soon" reaparecia como um número de tributo em eventos de caridade ou cerimônias. Além do desempenho de Dionne Warwick, ela mais tarde foi cantada por Patti Labelle e Donna Summer. Mas nunca fora gravada em um estúdio.

Anos mais tarde, em 1990, Buz e Jackson estavam falando ao telefone quando Jackson trouxe à tona um menino com quem ele fizera amizade chamado Ryan White. "Ele não vai viver para sempre", disse Jackson. "Eu quero fazer algo especial para ele." Ryan tinha se tornado o rosto nacional da AIDS no momento em que a doença ainda estava severamente incompreendida, estigmatizada, e temida.

Um garoto comum de Kokomo, Indiana, Ryan contraiu o vírus da AIDS através de transfusão de sangue contaminado (Ryan era hemofílico). Ele foi, então, evitado, insultado, maltratado, e ameaçado com violência por seus colegas e pela comunidade. Colegas o chamavam de "bicha" e o tratavam como um leproso. Membros de sua igreja local se recusavam a apertar sua mão. Vizinhos de seu entregador de jornais cancelaram suas assinaturas. Eventualmente, ele foi forçado a sair de sua escola.

Quando ele ouviu a história, Jackson estendeu a mão para Ryan para oferecer amizade e apoio. Eles rapidamente se tornaram próximos. Ambos estavam tão acostumados a sentir-se diferentes, segundo eles, que era um alívio apenas se sentir "normal" por algumas horas em companhia um do outro. Nos meses seguintes, eles falaram ao telefone frequentemente. Ryan era um adolescente extremamente atencioso, eloquente, e maduro. Ele compreendeu que ele era odiado e temido por muitos, ele compreendeu que ele havia sido arrastado para um papel muito público, e ele compreendeu que ele iria morrer em breve.

Jackson lembrava de uma noite ter ouvido Ryan White, em sua mesa de jantar, dizer a sua mãe como enterrá-lo. "Ele disse: 'Mãe, quando eu morrer, não me coloque de terno e gravata", Jackson lembrou em uma entrevista com o rabino Boteach. "Eu não quero estar de terno e gravata. Coloque-me em um jeans Oshkosh e uma camiseta." Eu disse, 'Tenho que usar o banheiro, e eu corri para o banheiro para chorar, ouvindo este menino dizer à sua mãe como enterrá-lo."

Jackson sabia que não podia mudar o destino de Ryan, mas ele esperava lhe dar algum escapismo e alegria antes de seu tempo acabar. White e sua família fizeram várias viagens para Neverland, onde montaram quadriciclos, comeram pizza, e assistiram a uma exibição privada de "Indiana Jones: A Última Cruzada". "Essas viagens para a Califórnia me permitiram seguir adiante", disse Ryan.

Jackson depois comprou para Ryan um Mustang conversível vermelho, o seu carro dos sonhos, no seu aniversário. Apenas alguns meses depois, no entanto, em 08 de abril de 1990, Ryan morreu.

No dia seguinte, Jackson chegou a Indiana. Ele sentou-se no quarto vazio Ryan por horas, olhando para suas lembranças, roupas e fotos. "Eu não entendo quando uma criança morre," Jackson disse mais tarde. "Eu realmente não entendo." A mãe de Ryan, Jeane, se ofereceu para deixar Jackson levar tudo o que ele quisesse como lembrança, mas ele disse-lhe apenas para manter tudo em seu quarto como estava.

No quintal da frente estava o Mustang vermelho que Jackson tinha dado Ryan, coberto de flores de admiradores. A irmã de Ryan, Andrea, entrou no carro com Jackson. Quando ele foi ligado, "Man in the Mirror" começou a tocar. Era a última canção que Ryan tinha escutado.

Quando Buz Kohan soube da morte de Ryan, ele fez o arquivista Paul Seurrat (que compilava e catalogava vídeos para Jackson) reunir imagens de Jackson e Ryan juntos juntamente com a versão de Dionne Warwick de "Gone Too Soon".

Jackson ligou para Buz logo depois. "É perfeita", disse ele. "Eu amo isso." Jackson tinha prometido Ryan que ele poderia estar em seu próximo vídeo da música, mas eles não tiveram tempo. Era isso, Jackson pensou. Ele criaria um vídeo de música dedicado a Ryan e sua causa. Eu quero que o mundo saiba quem você é, ele prometeu.

"Há uma coisa, porém," Jackson disse a Buz. "Eu não faço covers. Alguém já gravou isso?"

"Não," Buzz disse. "Ela foi cantada, mas não gravada. Meu povo tem uma palavra para isso. Bashert. Era para ser. Ela está esperando por você."

Meses depois, Buzz estava lá no estúdio Ocean Way quando Jackson gravou a canção. Como de costume, Jackson cantou no escuro para mergulhar inteiramente. Sentado com o engenheiro Bruce Swedien na mesa de controle, Buz teve arrepios enquanto ouvia. As letras eram sobre a beleza, a transitoriedade e a fragilidade da vida. As palavras poderiam facilmente transformar-se em clichês e sentimentalismo nas mãos de um artista comum, mas Jackson não era artista comum. "Ele colocou sua alma nisso", lembra Buz. "Não houve exagero ou efeito. Foi emoção real."

"Gone Too Soon" foi música n° 13 de 14 no álbum Dangerous. Foi lançada como single no Dia Mundial da AIDS, 1 de dezembro de 1993. Jackson também cantou a música na festa inaugural do presidente Bill Clinton para continuar a educar o mundo sobre Ryan White e angariar apoio político e financiamento para pesquisa da AIDS. Antes de cantar, Jackson falou ao público diretamente:

Eu gostaria de ter um momento desta cerimônia muito pública para falar de algo muito pessoal. Trata-se de um querido amigo meu que não está mais conosco. Seu nome é Ryan White. Ele era um hemofílico que foi diagnosticado com o vírus da Aids quando tinha onze anos. Ele morreu pouco depois de completar 18 anos, bem o tempo em que a maioria dos jovens estão começando a explorar as possibilidades maravilhosas da vida. Meu amigo Ryan era um homem muito inteligente, muito valente, e um jovem muito normal, que nunca quis ser um símbolo ou um porta-voz de uma doença mortal. Ao longo dos anos, eu compartilhei muitos momentos bobos, felizes e dolorosos com Ryan e eu estava com ele no final da sua breve mas memorável jornada. Ryan se foi e assim como quem perdeu um ente querido para a AIDS, eu sinto falta dele profunda e constantemente. Ele se foi, mas eu quero que a sua vida tenha sentido para além de seu falecimento.

"Gone Too Soon" recebeu nova relevância em 25 de junho de 2009, quando Jackson morreu inesperadamente em sua casa em Los Angeles. Ele tinha 50 anos de idade. Três anos depois, as palavras que ele uma vez animou com a sua voz e espírito inimitáveis, ainda ressoam. As chances são de isso ser cantado de novo.




Fonte: The Atlantic
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Mensagem por JuJu Jackson Love Forever Dom 01 Jul 2012, 00:17

Michael como sempre um exemplo, sempre muito bom, amoroso, doce e gentil... E que horror um garoto tão jovem como Ryan White contrair o vírus do HIV e mais pena ainda dele morrer tão novo... E além de tudo Ryan sofreu muito preconceito e exclusão por causa disso, mais como sempre Michael estava lá e ajudou e apoiou ele com tudo o que ele podia.... Isso é a coisa mais linda da parte de Michael... Além de tudo eu amo a música Gone Too Soon, acho ela muito linda e perfeita, sempre que a ouço sinto vontades de chorar e também sinto como se Michael estivesse ao meu lado quando eu a ouço..................
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Mensagem por MJElaine Dom 01 Jul 2012, 01:38

Michael fez uma bela homenagem ao seu querido amigo Ryan, e ele a mereceu por ser tb. muito especial.

Como de costume, Jackson cantou no escuro para mergulhar inteiramente. Sentado com o engenheiro Bruce Swedien na mesa de controle, Buz teve arrepios enquanto ouvia. As letras eram sobre a beleza, a transitoriedade e a fragilidade da vida. As palavras poderiam facilmente transformar-se em clichês e sentimentalismo nas mãos de um artista comum, mas Jackson não era artista comum. "Ele colocou sua alma nisso", lembra Buz. "Não houve exagero ou efeito. Foi emoção real."
Mais que nunca Michael colocou mesmo sua alma na interpretação dessa música. É lindo ouvi-lo cantar.
E Vogel, mais uma vez produz um excelente texto.
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Mensagem por pat_marcel Dom 01 Jul 2012, 14:36

Nossa! Soco no estômago...
Que história comovente!
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Mensagem por MJElaine Dom 01 Jul 2012, 16:34

"Alguns cantores carregam com eles a energia de seu tempo", disse Warwick. "Eles se tornam símbolos ou placas de sinalização. Eles são lembretes de nossas fragilidades e precisam se comunicar ... [Hoje] somos deixados com perguntas sem respostas que são feitas quando um grande talento é consumido antes do tempo: Por que? E se? E o quê poderia ter sido? "
Olhem o vídeo da apresentação da Dionne Warwick:

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Mensagem por mjtudibom Dom 01 Jul 2012, 20:37

Muito comovente esse texto do Joe Vogel.
Foi coisa do destino mesmo esta música ficar anos sem ser gravada por nenhum outro artista e finalmente ser gravada por alguém que transbordava emoção ao cantar. Sem dúvida, Michael colocou toda sua alma nesta música, a ocasião era muito especial. Uma linda homenagem ele fez à seu amigo Ryan. amo

Ele foi, então, evitado, insultado, maltratado, e ameaçado com violência por seus colegas e pela comunidade. Colegas o chamavam de "bicha" e o tratavam como um leproso. Membros de sua igreja local se recusavam a apertar sua mão. Vizinhos de seu entregador de jornais cancelaram suas assinaturas. Eventualmente, ele foi forçado a sair de sua escola.
Ah, o ser "humano"... quanto horror, Ryan e sua família tiveram que enfrentar! Como deve ter sido difícil passar por tudo isso, e como deve ter sido confortante ter o apoio de Michael.
Essa parte do texto me fez lembrar um pensamento de Madre Teresa de Calcutá:
"O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso."

Obrigada, Femme e Elaine.
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Mensagem por Rosy Jack Dom 01 Jul 2012, 21:33

E quando Michael falou publicamente sobre a AIDS na posa de Bill Clinton, foi um momento muito especial e de muita coragem, pois infelizmente a AIDS ainda era um tabu e não se falava muito dela publicamente e as pessoas infectadas ainda sofriam bastante preconceito. Então, o maior artista de todos os tempos mais uma vez usou sua fama para uma causa nobre, alertou as pessoas para o doença e a sofrimento de quem a contrai.
Essa canção é linda e Michael canta como sempre com o coração, fazendo quem a escuta transbordar de amoção.


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Mensagem por MJElaine Dom 01 Jul 2012, 21:43

Rosy Jack escreveu:E quando Michael falou publicamente sobre a AIDS na posa de Bill Clinton, foi um momento muito especial e de muita coragem, pois infelizmente a AIDS ainda era um tabu e não se falava muito dela publicamente e as pessoas infectadas ainda sofriam bastante preconceito. Então, o maior artista de todos os tempos mais uma vez usou sua fama para uma causa nobre, alertou as pessoas para o doença e a sofrimento de quem a contrai.
Essa canção é linda e Michael canta como sempre com o coração, fazendo quem a escuta transbordar de amoção.
Falou tudo, Rosy. Michael como sempre corajosamente à frente do seu tempo, e usando da melhor maneira possível o maio dom que Deus lhe deu: o amor ao próximo. :Hi:
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Mensagem por Annie Moonwalker Seg 02 Jul 2012, 00:33

Emocionante a história por trás da música.
Femme, esses textos que o Joe Vogel publica estão também no Man In The Music?
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Mensagem por Rê Jackson Seg 02 Jul 2012, 00:46

O Joe Vogel está fazendo um excelente trabalho!
Graças a ele, fatos como este que envolveu a linda amizade de Michael com Ryan, vão se tornar mais conhecidos.

Ler este texto foi pura emoção!!! chorando chorando chorando chorando

O Michael é um anjo lindo!!!! giveheart giveheart
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Mensagem por Femme Seg 02 Jul 2012, 16:01

Annie Moonwalker escreveu:Emocionante a história por trás da música.
Femme, esses textos que o Joe Vogel publica estão também no Man In The Music?
Creio que sim, Annie. Mas não tenho certeza, só perguntando a ele mesmo no Twitter. winking
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Mensagem por Janinha Seg 02 Jul 2012, 18:50

Muito emocionante esse texto.
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